Espaço para especulação

Escuta-gabinete

De Murilo Gatti:

A quem interessa o monitoramento do gabinete de um prefeito?
Há várias hipóteses que se abrem agora, depois da atual administração da Prefeitura de Maringá localizar equipamentos que teriam sido usados para o monitoramento de áudio e vídeo do gabinete do chefe do Poder Executivo.

Ainda não se sabe se o equipamento funcionou e nem por qual período teria sido usado, mas há uma pista interessante. A placa de vídeo utilizada teria sido fabricada em 2011, último ano da administração do ex-prefeito Silvio Barros (PP). E se houve qualquer grampo ilegal, o período monitorado foi posterior a 2011.
O ex-prefeito Carlos Roberto Pupin (PP), que assumiu o cargo em janeiro de 2012 e o deixou no mês passado, declarou nas redes sociais que desconhecia a existência de qualquer grampo e pode estar falando a verdade. Claro que há espaço para a especulação de que o próprio ex-prefeito poderia ter implantado o sistema para garantir provas em eventuais denúncias da prática de corrupção. Garantiria gravações contra eventuais tentativas de corrupção ativa ou declarações de adversários. Mas Pupin pode estar falando a verdade e, se não foi ele, alguém o fez para monitorar as atividades dele.
Nesta hipótese, o número de suspeitos é enorme. Apesar de parecer restrito, muitos eram os secretários e servidores com acesso à sala e, em qualquer horário após o expediente, facilmente um técnico instalaria os equipamentos. Qual seria o interesse? Monitorar se Pupin manteria fidelidade aos pares que o ajudaram a chegar à prefeitura? Buscar provas que poderiam incriminar o gestor em eventual ato de corrupção? Acompanhar todas as ações e conversas reservadas? Todas as palavras, até agora, têm apenas o tom da especulação. Pode ser tudo e pode não ser nada.
Mas o caso, que agora chegou à Polícia Civil, merece ser investigado e aprofundado. Quem teria instalado o grampo? Há vídeos armazenados? Existem cenas comprometedoras? São informações que interessam a todos que pagam seus impostos com a expectativa de que os gestores ocupem o espaço público dentro do que determina a lei e façam o melhor para a cidade. É possível que as perguntas acima nunca cheguem a ser respondidas, mas no ambiente político, qualquer sinal de fumaça abre espaço para muitas especulações.