STF julga HC de ex-deputado envolvido em acidente fatal

Yared

O Supremo Tribunal Federal analisará na próxima quinta-feira o habeas corpus apresentado pela defesa do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho.
Ele tenta não ser levado a júri popular como responsável por causar o acidente que levou à morte os estudantes Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo, há oito anos. O relator do habeas corpus é o ministro Gilmar Mendes.

O acidente ocorreu na madrugada do dia 7 de maio de 2009, quando o veículo do ex-parlamentar atingiu o outro carro e estava a cerca de 170km/h, o que causou a morte imediata dos dois estudantes. Exames autorizados pela Justiça confirmaram que Carli Filho estava sob efeito de álcool.
A defesa do ex-deputado tenta buscar no Supremo Tribunal Federal o reconhecimento de que o episódio tenha sido acidente comum de trânsito, sem intenção de matar. Caso a estratégia da defesa seja aceita pelo STF, o processo será decidido por um juiz de primeira instância e a pena poderá ser revertida em pagamento de cestas básicas para instituições carentes.
“Embora ele estivesse infringindo a lei de trânsito, por exemplo, por estar acima da velocidade permitida, isso por si só não é capaz de conduzir a conclusão de que ele teve como prever o resultado, porque o condutor do outro veículo invadiu a preferencial”, afirma o advogado Gustavo Scandelari. Na madrugada do acidente, o semáforo emitia sinal de atenção por ser um cruzamento.
Além de beber e dirigir em alta velocidade, Carli Filho estava com a habilitação suspensa. Ele possuía 130 pontos na carteira por infrações diversas de trânsito. Nos anos que antecederam a tragédia, ele havia recebido mais de 30 multas, a grande parte por excessos de velocidade.
A perícia do caso deduz que houve imprudência por parte do ex-deputado. “Por causa dos pneus do veículo das vítimas estarem intactos, o que se percebe é que o carro conduzido pelo deputado, estava acima do solo e praticamente decolou quando houve o choque. Ele passou praticamente por dentro do automóvel onde estavam os estudantes”, explicou Paulo Gottlieb, perito em acidentes de trânsito.
Para Christiane Yared (foto), mãe de um dos jovens mortos na tragédia, a Justiça precisa ser feita. “A impressão que a gente tem é que não enterrou filho. No país onde nós vivemos, a Justiça se arrasta, porque há muitas brechas. Isso machuca demais a família, mas eu sei que a Justiça virá. Porque, hoje, o meu filho não precisa de justiça; ele já descansa. A Justiça pela qual eu luto é para que eu e você tenhamos garantido os nossos direitos. Hoje eu brigo pela Justiça, mas para os filhos dos outros”, afirmou.
Segundo Yared, a esperança é que a luta da família poderá se transformar em um legado para o país. “Eu não levantei uma bandeira sozinha. Eu tenho uma nação inteira comigo que acredita que as pessoas precisam mudar o comportamento no trânsito. Essa é uma luta que começou com uma família que acredita que isso tem que mudar e agora somos muitos. Eu não vou desistir”. (Divulgação)

Advertisement
Advertisement