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Você é alcoólatra?

Por João Batista Leonardo:

Atualmente, o uso da bebida alcoólica começa muito cedo, abrangendo boa parte dos jovens escolares, tornando o alcoolismo um dos grandes problemas sociais do mundo.
A história conta que a bebida alcoólica está ligada ao homem desde a mais remota antiguidade.

O patriarca Noé, após o dilúvio, aportou a arca no Monte Ararat, fez plantação de uva e fabricou vinho. Muitos remédios e curas, na medicina antiga, se baseavam no uso do álcool. Entretanto, com o exagero os malefícios já eram percebidos. O espiritualismo está ligado à evolução do mundo e ao uso de bebidas alcoólicas. Para os cristãos o maior exemplo está no próprio Cristo, quando, nas bodas de Canaã, a pedido de sua mãe, transformou a água em vinho, bem como na última ceia transformou o vinho em seu sangue, como testamento da nova aliança e para a remissão dos pecados.
A bebida alcoólica é definida como “droga lícita”, embora sua ação seja nivelada às drogas ilícitas. Está por todo lado, e os usuários também. Consumida com constância, habitua o organismo e o indivíduo precisa cada vez beber mais, para sentir os mesmos efeitos. É a chamada dependência que ela determina.
O alcoolismo é o uso constante e exagerado de bebidas alcoólicas e é considerado doença. O uso da bebida pode ser feito de três maneiras: quando ingerida em grande quantidade bruscamente, leva ao coma e à morte. Quando consumida de maneira constante e em quantidades consideráveis, leva às alterações importantes mentais e orgânicas, finalmente à cirrose hepática e à morte. Quando consumida de maneira moderada recebe o rótulo de “bebida social”.
A bebida alcoólica quando consumida com moderação até faz bem. Como exemplo posso citar o vinho, que ingerido constante e moderadamente, é benéfico ao coração, melhora o colesterol bom, a circulação e diminui o risco de infarto. O álcool é importante para o organismo, participa do metabolismo beneficiando vários órgãos. Que isso não seja o motivo de se tornar alcoólatra.
Quem é alcoólatra ou bebedor social?
Muitos usuários de bebidas se designam bebedores sociais. É comum em reuniões, casamentos, aniversários, os chamados bebedores sociais totalmente embriagados. Mostram-se alterados na percepção, fala e julgamento, evidenciando falta da coordenação motora e falta do equilíbrio. Isto sem contar com atitudes bruscas e descontroladas causando situações de extremo desagrado. Os bares e botecos estão cheios, principalmente à tarde, dos bebedores diários, que, na desculpa do papo com amigos, ingerem grande quantidade de bebida, satisfazendo sua dependência alcoólica.
Como conhecer o bebedor social e o alcoólatra? O bebedor social tem moderação, não é dependente, somente toma um ou outro aperitivo sempre guardando o limite da tolerância. O alcoólatra não consegue ficar sem o trago constantemente, ingere qualquer tipo de bebida e em qualquer lugar.
QUEM QUISER SABER SE É OU NÃO ALCOÓLATRA É SÓ FAZER O TESTE DOS 21 DIAS. É FICAR POR VINTE E UM DIAS, SEM BEBER E NÃO SENTIR A FALTA DA BEBIDA. QUEM NÃO CONSEGUIR É CONSIDERADO ALCOÓLATRA.
A ação do alcoolismo e suas consequências estão nos próprios usuários, nos acidentes no trânsito, no trabalho e nas famílias. Tantos artistas e atletas foram destruídos pelo álcool e políticos desmoralizados. Quantas pessoas incautas vão buscar no engodo da bebida e das drogas soluções para problemas.
Muitos são os órgãos afetados pelo excesso da bebida, evidenciando-se o sistema nervoso central, responsável pelos movimentos voluntários e involuntários, as alterações psíquicas como emoção, percepção, memória, raciocínio e julgamento. Os usuários ficam agressivos, intolerantes, irresponsáveis, com atitudes sem a lógica de julgamento e não conseguem relacionar-se bem no seu ambiente de vida. Isto explica tantos desajustes conjugais, familiares e profissionais. Conheci alcoólatras com a memória destruída, incapazes de recordar de fatos acontecidos há poucos instantes, incapazes de assumir qualquer responsabilidade.
Está provado, hoje, que, uma das maiores causas de separações de casais é a bebida alcoólica. Não só pelas inconveniências já relatadas, mas também porque o alcoólatra normalmente é nervoso e agressivo, haja vista tanta violência familiar noticiada, diariamente. A Lei Maria da Penha que o diga.
É preciso fazer valer no Brasil as leis sobre as drogas com punição severa das consequências e a diminuição da oferta.
Nos países onde a bebida tem uso público proibido ou restrito, a quantidade de bêbados nas ruas, de acidentes na população e os malefícios do álcool são infinitamente menores.
A oferta da bebida estimula o uso, bem como de todas as drogas.
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(*) João Batista Leonardo é médico e escritor em Maringá. Originalmente publicado no Jornal do Povo

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