Você conhece a sua alma?

Por João Batista Leonardo:

A medicina vê o ser humano como sendo um componente orgânico e um componente psicológico e que a saúde e o equilíbrio dos dois determinam o bem-estar. O fator orgânico nós vemos, o componente psicológico existe, mas não vemos.

É unanimidade das religiões no mundo que somos um conjunto de: corpo e alma. O corpo é o veículo presente na matéria aqui na terra, com tempo de existência definida. Morre logo. A alma é a parte espiritual, que viverá eternamente, num outro plano.
Conceituar a alma é assunto delicado e nem sempre recebe a aprovação unânime das diversas doutrinas, mas, como leigo, longe da intenção de polemizar, posso expor a minha opinião.
A palavra alma significa no hebraico “vida ou criatura” e no latim significa “o que anima”. É muito estudada e valorizada nas religiões e também pesquisada na ciência moderna. É impossível definir a alma concretamente, porque não é entidade física, mas espiritual. A maioria das religiões a entende como sendo uma energia divina dentro de nós. É definida por Aurélio, entre outras definições, como: “Princípio espiritual do homem concebido como separável do corpo e imortal”.
É bom atentar para o fato importante que, de acordo com todas as doutrinas, a alma vai para planos diferentes, segundo seu merecimento. Aqui é raciocínio válido e interessante a afirmação de que, se a alma tem méritos ou deméritos, ela terá que ser julgada para o devido encaminhamento. Fica fácil a conclusão de que a alma tem qualificação boa ou ruim.
Se atentarmos na vida, tudo que nos rodeia, nos instiga para com o livre arbítrio acatarmos oportunidades e agirmos. O comércio nos seduz para as compras. Nas igrejas, a pregação nos induz para amar a Deus, servir o próximo e praticar o bem. A mídia nos incita ao consumismo, valoriza o deus dinheiro e privilegia o materialismo. A diversão enfatiza os valores materiais, nos instiga aos vícios e valoriza a luxúria. A modernidade despreza as tradições milenares e valoriza mudanças radicais no comportamento e na estrutura familiar. Enfim, vivemos diuturnamente rodeados pelas oportunidades para tomarmos atitudes.
Como consequências do acatamento das oportunidades surgem as AÇÕES, que podem ser boas ou ruins, segundo a qualidade das oportunidades acatadas. Fica interessante saber que, com muita determinação, as ações praticadas nos qualificam como bons ou ruins.
Nós vemos a nossa alma? Nós a conhecemos? Perguntas com respostas que vão fundo nos dogmas e doutrinas. Por ser ela invisível, como também, é o nosso fator psicológico, não a vemos. Sou corajoso e convicto em afirmar que, embora nós não vemos a nossa alma, TODOS NÓS CONHECEMOS NOSSA ALMA MUITO BEM. É uma postura que me custou muito, porém não percebo outra forma de conectar a alma conosco e seu futuro destino num outro plano.
Se, afirmo que conhecemos muito bem nossa alma, POR QUE NÃO VAMOS ATÉ ELA? Num momento de concentração e solitário, se fizermos uma introspecção e mergulharmos bem lá no fundo de nosso ser, mas bem lá no fundo, vamos encontrar um lugar, muito nosso. Um lugar que guardamos muito bem e cuidadosamente, todas as nossas recordações, desde a infância até a presente data. É o nosso âmago, nosso imo, o que eu chamo, particularmente de “GEMA”. É o nosso verdadeiro encontro. Lá estão guardados nossos segredos, nossas alegrias, tristezas, arrependimentos, vergonhas e valores. Lá estão armazenadas todas as nossas ações, boas e ruins. Lá não importa se médico, professor, pastor, sacerdote, lixeiro, patrão, empregado, branco, negro. O que importa são os valores das ações boas ou a vergonha das ações ruins praticadas no decorrer dos tempos. Um lugar guardado “a sete chaves” e que jamais permitiremos que alguém chegue lá.
Quero crer, com muito entusiasmo, que nosso âmago se comunga com nossa alma e CONHECENDO NOSSA “GEMA” CONHECEMOS NOSSA ALMA. Tenho a convicção de afirmar que o nosso corpo morre, mas a qualidade do nosso âmago não morre, perpetua com à alma qualificando-a como boa ou ruim.
Com coragem, reafirmo: nós não vemos a nossa alma, porém conhecemos o seu valor muito bem.
Segundo as religiões, num outro plano, num momento será exposta e mostrada, evidenciando seu merecimento. Ficou bonito agora meus leitores, porque conhecendo nossa alma, já sabemos o nosso merecimento no mundo eterno espiritual.
Acho que nenhuma essência divina quer cristã, budista, xintoísta, hinduísta ou de outras doutrinas, será a julgadora das almas, porque o Deus de todos os povos ama seus filhos e não teria intenção de infernizá-los. Por isso acho que toda alma, conhecendo o seu valor, saberá o caminho que deve seguir, de acordo com sua doutrina praticada aqui na terra.
Todas as escrituras sagradas de todas as religiões do mundo nos incitam para praticarmos boas ações e estarmos preparados para a prestação de contas. O importante é que tenhamos âmago rico, para que, quando formos pegos, possamos mostrar um início e um meio, vividos, pelo menos, apreciáveis.
Conhecendo nossa alma, como avaliamos nossa morte? Pergunta que vai fundo em nossa razão e nos amedronta. Ainda mais sabendo que somos um produto de milagres, que não viemos aqui à toa e que nossa vida é uma grande dádiva.
Se a maioria das doutrinas crê que Deus criou todo o universo e o homem, dessa forma, Ele deu igualdade de almas para toda humanidade. Portanto, creio que no plano superior e espiritual todas as almas são iguais, não importando onde o corpo viveu; se chinês, americano, africano, índio ou brasileiro. Em todas as partes do mundo SE PRATICA AÇÕES QUE PODEM SER BOAS OU RUINS.
Por certo, num lugar, num momento, lá estarão as almas que na terra praticaram boas ações e foram obedientes aos preceitos doutrinários das suas religiões. Portanto, tenho convicção de que não haverá como distinguir o mérito das almas boas cristãs e das almas boas dos outros credos.
Então, para aquelas, com “gema” brilhante, o conjunto será, por certo, um louvor só, ao Deus supremo e criador de tudo e a festa será de grandeza inimaginável e eterna.
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(*) João Batista Leonardo é médico em Maringá. Artigo originalmente publicado no Jornal do Povo.

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