17 anos depois, acusado de jogar mulher do 12º andar não foi a júri

Neste mês faz 17 anos que a professora Maria Estela Correa Pacheco caiu do apartamento do agropecuarista Mauro Janene Costa, no 12º andar do edifício Diplomata, um dos mais sofisticados de Londrina, lembrou Paulo Sampaio em seu blog em setembro. Acusado de tê-la esganado até a morte e a atirado da sacada, ele nunca foi julgado.

Depois de usar todos os recursos para adiar o júri, a defesa agora alegou que o movimento Justiça para Estela, criado pela filha única da vítima, Laila Pacheco Menechino, poderia influenciar negativamente os jurados; seus clamores nas redes sociais seriam um risco para o réu. Com base nisso, a advogada Gabriela Roberta Silva pediu o “desaforamento” do processo, termo jurídico que designa a transferência do julgamento de um foro para outro, situado na mesma região, mas distante de onde o crime ocorreu. Com isso, a defesa ganha tempo mais uma vez.
O requerimento, feito no começo do ano, foi julgado no mês passado por três desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná. Por dois votos a um, decidiu-se pela transferência do julgamento para Ponta Grossa, a quase 300 km de Londrina. O assistente de acusação, Marcos Ticianelli, acredita que houve um equívoco de interpretação por parte dos desembargadores favoráveis à transferência. “Os protestos nas redes sociais não são contra o réu, são a favor da Justiça”, diz.
De família rica, Janene é neto de Abdelkarim Janene, considerado no passado um dos maiores pecuaristas do estado, e sobrinho de Jamil Janene, ex-presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP). O ex-deputado José Janene (PP-PR), apontado como pivô dos escândalos do mensalão e do petrolão, era seu primo. Nesses 17 anos, o agropecuarista ficou preso por apenas cinco dias. Seu julgamento foi adiado seis vezes – a tentativa de Ponta Grossa será a sétima. Leia mais.