Por João Batista Leonardo:
Continua claro que nessa abordagem continuarei, resumidamente falando da heterossexualidade, que é o sexo entre homem e mulher. Os chamados “Desvios da Sexualidade” serão abordados em outra oportunidade.
Como já foi dito no texto da semana passada, no sexo, a mulher é mais determinada na emoção e o homem mais no físico.
No cotidiano e pela própria natureza humana, nem todos os casais conseguem atender os parâmetros para a motivação perfeita. Hoje, a vida moderna é muito exigente e todas as pessoas vivem constantemente, estressadas pela luta diária, na busca do dinheiro, em atendimento às exigências do consumismo. A diferença é notada nas férias.
Além disso, na vivência existem diferenças marcantes entre o homem e a mulher que são determinantes na sexualidade. Vejamos:
O homem é poligâmico – Afirmação que me custou muito, mas não posso faltar com a verdade, no que penso. Praticamente, todos os homens gostariam muito da convivência com mais de uma mulher. Presenciei nos Emirados Árabes, onde a poligamia é permitida, homens com várias mulheres e os companheiros de viagem comentaram. A poligamia explica porque homens que amam suas esposas e são felizes, não deixam de puxar os olhos, quando passa uma mulher provocante. Outros tantos comprometidos têm sexo fora de casa, satisfazendo seu íntimo poligâmico.
O homem é machista- Mormente, no Brasil por formação cultural. Ele entende que, com seus afazeres profissionais, é responsável pelas despesas e provento do lar. Entende que a esposa deve cuidar da casa, da família e estar sempre bonita e disponível quando desejar transar. Na atual concepção, a mulher profissionalizada, para cumprir as exigências do esposo, tem que ser a “mulher maravilha”, estando bem em todos os lugares. Não dá.
O homem é frio – Vê a vida e dificuldades com mais coragem, resolve melhor os problemas. Dificilmente chora, mormente em público. A mulher é mais sensível aos embates da vida é detalhista e se prende mais aos fatores emocionais.
Na sociedade. O homem geralmente gosta de esportes viris, diferente da mulher, como futebol, basquete, luta, golfe e por vezes jogatina. Gosta de ficar com os amigos, uma cervejinha aqui outra ali, um papo aqui, outro ali e assim gasta o seu tempo. A mulher gosta de passar seu tempo de folga junto de seu companheiro. Ela gosta de se apresentar bem em público e os retoques na maquiagem aqui e ali, são constantes.
Valorização do sexo- Em princípio o homem vê a mulher como objeto de sexo. Costuma-se afirmar que o homem pensa com os órgãos genitais. Quando leva uma mulher ou paquera para um jantar a dois, ele imagina que a sobremesa será na cama. A mulher não vê o homem só como objeto sexual e sim procura nele qualidades que poderiam leva-la a um convívio gratificante. Ela pensa com o coração.
Frequência do ato sexual – Varia de casal para casal, idade e envolvimento sexual. No Brasil, num casal de média idade, a frequência mais comum é duas a três vezes por semana. Tem homens que têm frequência muito maior e outros, muito menor. Para a mulher, o importante no sexo não é a quantidade, mas a qualidade, onde ela tenha participação e satisfação efetiva.
O ritual do ato sexual em si é de grande valor na harmonia do casal. São tantos os estudos que classificam o ato sexual, porém não precisamos de muita teoria para perceber o que é importante na hora H. Para facilitar vou dividir o ato sexual em fases.
A primeira fase é a motivação. O homem, desde que não tenha nenhuma disfunção erétil, na iminência da sexualidade, geralmente não precisa de muito para ficar excitado e estar preparado para o ato. A mulher já não é assim. Ela valoriza em muito a excitação, até acho que ela dá mais valor a essa fase do que ao orgasmo. A excitação da mulher vem com a motivação e a motivação vem com a convivência diária ajustada. Também, as preliminares são importantes para ela. Quando bem motivada, todo seu corpo pode ser considerado erógeno, porém algumas regiões são bem conhecidas: as orelhas, o pescoço, os lábios, os mamilos, o abdômen, a parte interna das coxas, a vulva, mormente o clitóris. Excitada ela fica mais quente, os lábios e mamilos intumescem, a vulva fica molhada, o clitóris fica maior e endurecido e a vagina fica, intumescida. Momento importante para ela e está pronta para a continuidade. Ela detesta sem a preparação ter de abrir as pernas e permitir que o companheiro ejacule nela. As putas cobram para isso.
A segunda fase é a penetração e a movimentação. Deve ser numa posição que seja confortável para os dois. Estando a mulher excitada, com a vulva e a vagina lubrificadas, a penetração do pênis lhe é prazerosa. Esta fase vai terminar com o orgasmo. O tempo de duração desta fase é variável em cada casal. Para a mulher excitada e ajustada na posição pode ter orgasmos intensos. Para o homem é mais rápida, quando as condições vaginais são boas, porque a vagina pode variar muito de uma para outra mulher. Numa vagina adequada o homem terá prazer mais rapidamente e mais intensamente. A qualidade da vagina não tem nada a ver com a beleza física, o que justifica tantas mulheres bonitas serem preteridas por feias. O parto normal, por mais bem feito que seja, sempre alarga a vagina e o períneo e, o homem não gosta de vagina flácida.
A terceira fase é o orgasmo- É o prazer maior no ato sexual, é uma excitação muito grande que, praticamente envolve todo corpo. Quem pensa que o homem aproveita mais as benesses do sexo está enganado. A mulher, desde que bem motivada, numa boa transa, pode ter seguidos orgasmos e mais intensos do que o do homem. Naturalmente, o homem tem que chegar ao orgasmo para eliminar o esperma e o organismo tem pressa para isso. A mulher não, ela tem prazer sem eliminar nada. O orgasmo fica muito mais grandioso, quando o casal chega nele junto. Diferente do homem, a mulher pode não ter orgasmo em todos os atos sexuais, isso não quer dizer que ela não tenha ficado satisfeita, pois só por entender que foi amada e ter servido como fêmea ao seu amado, já é o suficiente.
A quarta fase é o descanso- É momento de relaxamento muscular e sensação de bem estar. Normalmente, os parceiros sentem-se engrandecidos e entendem ter passado mais um momento agradável na vivencia.
O sexo fortuito deixa a desejar. Como hoje a sexualidade está banalizada, os moços estão colecionando vaginas no seu rol de sexualidade. E tantas moças em nome da liberdade e da modernidade passam de mãos em mãos e não muito tarde recebem a pecha de “pervas”, cujo significado é muito pejorativo. Também acontece com as profissionais camufladas como ”acompanhantes”, que na hora, apesar dos gemidos e insinuações, não participam efetivamente e apenas deixam, aos que pagam ejacularem na sua vagina.
Quanto ao sexo oral e ao sexo anal, como já afirmei na primeira abordagem: “Considera-se hoje, sexualidade normal, quando há entendimento entre os parceiros e que eles estejam satisfeitos com suas opções e práticas. O que fazem no âmbito restrito de suas vidas privadas, só a eles interessa”. Porem tanto o sexo oral, como o anal necessitam de cuidados especiais, tanto no que diz na higiene e na técnica. No sexo anal é de importância o uso de lubrificantes e também o esvaziamento intestinal. Quando fortuito o uso de camisinha é obrigatório porque a mucosa retal é ótima receptora de doenças como AIDS, Hepatites, HPV.
Mesmo ajustado entre os casais, o sexo é frágil, já afirmei isso, porque depende de tantas circunstâncias e como vanguarda o amor. Todo tempo que me referi ao amor não quero dizer aquele amor cinematográfico, mas o bem querer, o prazer da companhia a admiração, tolerância e o carinho pelo outro. O bem querer é sentimento, tem que ser nutrido no dia a dia. Não se pode exigir a convivência amorosa de ninguém, mas dar motivos para merecê-la. Basicamente, a convivência amorosa sustenta o bom sexo e a boa sexualidade incentiva a boa convivência.
Numa conferência dum mestre da sexologia, lhe perguntei como você é na cama? E ele me afirmou: todos os humanos são passíveis de mudanças da emoção dia a dia, e eu sou humano. Pra mim a resposta, também me serviu.
No início desta exposição afirmei com seguridade que o tema era complexo e como pudemos perceber, eu tinha razão. Longe de ser o dono da verdade, mas com a certeza de que o conhecimento pela prática é verdadeiro, espero ter trazido à tona, o básico e necessário, sobre o assunto.
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(*) João Batista Leonardo é médico e escritor em Maringá. Texto publicado no Jornal do Povo.
