Se Deus quiser, Cabo Daciolo será presidente

Muitos usam o nome de Deus e Jesus em vão, na política, e o candidato Cabo Daciolo não é o único exemplo. Mas vamos analisar a expressão ‘se Deus quiser’, que talvez seja uma das mais pronunciadas, por religiosos e pseudos.

A origem talvez seja a passagem bíblica, que diria: ‘nenhuma folha cai, se não for na vontade de Deus’, mas que na verdade não existe no sentido literal.
Será que tudo que nos acontece é por vontade de Deus? Ou existe uma programação (destino), que não pode ser alterado? Ou poderia,dependendo da religiosidade, das orações, de ‘promessas’? Aprendi, com a Doutrina Espírita que a lei de Deus é eterna e imutável, como podemos ver nessas perguntas e respostas: A lei de Deus é eterna?— É eterna e imutável, como o próprio Deus. Deus teria prescrito aos homens, numa época, aquilo que lhes proibiria em outra? Deus não se engana; os homens é que são obrigados a modificar as suas leis que são imperfeitas; mas as leis de Deus são perfeitas. A harmonia que regula o universo material e o universo moral se funda nas leis que Deus estabeleceu por toda a eternidade. 0 que as leis divinas abrangem? Referem a algo mais do que a conduta moral?-Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois Deus é o autor de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria; o homem de bem, as da alma, e as segue. É dado ao homem aprofundar umas e outras? -Sim mas uma só existência não lhe é suficiente para isso. E mais:
Há leis naturais e imutáveis, sem dúvida, que Deus não pode anular segundo os caprichos de cada um. Mas daí a acreditar que todas as circunstâncias da vida estejam submetidas à fatalidade, a distância é grande. Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo, sem livre arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a fronte ante os golpes do destino; sem procurar evitá-los; não deveria esquivar-se dos perigos. Deus não lhe deu o entendimento e a inteligência para que não os utilizasse, a vontade para não querer, a atividade para cair na inação. O homem sendo livre de agir, num ou noutro sentido, seus atos têm, para ele mesmo e para os outros, consequências subordinadas às suas decisões. Em virtude da sua iniciativa, há portanto acontecimentos que escapam, forçosamente, à fatalidade, e que nem por isso destroem a harmonia das leis universais, da mesma maneira que o avanço ou atraso dos ponteiros de um relógio não destrói a lei do movimento, que regula o mecanismo do aparelho. Deus pode, pois, atender a certos pedidos sem derrogar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo sempre o atendimento da sua vontade. O que Deus lhe concederá, se pedir com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação. E o que ainda lhe concederá, são os meios de se livrar das dificuldades, com a ajuda das ideias que lhe serão sugeridas pelos Bons Espíritos, de maneira que lhe restará o mérito da ação. Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos, segundo a máxima: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades. Mas, na maioria das vezes, preferimos ser socorridos por um milagre, sem nada fazermos. (Ver cap. XXV, nº 1 e segs.) Veja aqui e aqui.
Voltando ao título, penso que nem com ‘reza braba’, muita fé, pedidos e falas de ‘se Deus quiser’, será eleito presidente, ou melhor, pode até ser mas não presidente da República.
Akino Maringá, colaborador