Voto paritário na UEM: uma questão de justiça

Por Sidinei Silvério da Silva:

Neste ano de 2018, o processo eleitoral da Universidade Estadual de Maringá foi marcado pelo retorno da paridade, em que os votos de estudantes, agentes universitários e docentes têm o mesmo peso no ato democrático da escolha para a nova reitoria.

Mesmo que minorias aleguem a responsabilidade “paternal” desta conquista, a paridade foi fruto da luta coletiva (agentes universitários, estudantes, docentes, sindicatos e associações) materializada na Campanha “Paridade Já”. O restabelecimento do voto paritário na UEM ocorreu em 01/12/2014. Nessa data, 47 conselheiros votaram a favor do voto paritário e 14 votaram contra. Apesar de a votação ter acontecido no início da gestão atual (2014-2018), conforme vídeo disponível no YouTube (bit.ly/2MrNDsO), o retorno da paridade foi uma luta de 9 anos da coletividade. Importante esclarecer que a paridade proporcional em 33,33% para cada categoria, só ocorre se 100% do colégio eleitoral comparecer às urnas. No segundo turno das eleições na UEM, dos 28.712 eleitores, votaram apenas 84% dos docentes, 80% dos agentes universitários e 30% dos estudantes. Como é de conhecimento da comunidade universitária, o pleito para Reitoria da UEM foi vencido pela Chapa 3 “Avançar e Inovar”, que teve como candidatos a reitor e vice-reitor, respectivamente, Julio César Damasceno, professor do Departamento de Zootecnia e atual vice-reitor da UEM, e Ricardo Dias Silva, chefe do Departamento de Arquitetura. Dos 10.535 votos válidos, considerando a ponderação da paridade, a Chapa 3 “Avançar e Inovar” (Prof. Julio Damasceno e Prof. Ricardo Dias) ficou com 51,65% e a Chapa 2 “UEM de Todos” (Prof. Roberto Cuman e Prof. Leandro Vanalli), com 48,35%. Por categoria, tendo em vista a paridade efetiva dessas eleições, os docentes representaram 27,50%, os agentes universitários 25,95% e os estudantes 9,89%, dos 33,33% possível. Para cumprir a sua atividade-fim, uma universidade pública, gratuita e de qualidade, precisa respeitar e valorizar a sua atividade-meio. O resultado das urnas mostra um desafio para a gestão “Avançar e Inovar”, pois cerca de 60% dos agentes universitários, optaram por mudança (1.107 dos 1.874 agentes universitários votaram na Chapa 2). O resultado com os agentes universitários foi consequência dos seguintes fatores: (i) não realização de eleições no Hospital Universitário e Biblioteca Central; (ii) terceirização de muitas atividades; (iii) número exacerbado de assessorias especiais (trinta e oito, e que onera em quase R$ 200 mil/mês o erário público, segundo o portal da transparência, inclusive cargo comissionado para “cuidar” de obra parada); (iv) “indústria” de processos de sindicância e processos administrativos; e, (v) denúncias constantes de assédio moral e assédio sexual, no seio da universidade. Concluído o pleito eleitoral, as preocupações dos agentes universitários continuam as mesmas, porém, daremos o direito à dúvida e um voto de confiança à Gestão “Avançar e Inovar”. Estamos de olho e acompanharemos, passo a passo, todas as ações da nova gestão, apostando numa universidade pública e eficiente, por meio do diálogo, da transparência e do respeito.
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(*) Sidinei Silvério da Silva é agente universitário da UEM desde maio de 1995 e presidente da Associação dos Funcionários da UEM (AFUEM), gestão 2017-2021.

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