Privilégios do Legislativo

Diz-se que o Legislativo é a casa do povo. Que vereadores, deputados e senadores seriam nós, povo, reles povo, fiscalizando Executivo, sobretudo, produzindo leis para nos beneficiar. Será mesmo?

Mas há privilégios que precisam acabar e vamos exemplificar. O deputado Onix Lorenzoni, que é bom (gosto de sua atuação), está deputado federal e foi reeleito. Será nomeado ministro da Casa Civil no dia 1º de janeiro e para tomar posse pedirá licença do cargo na Câmara, sem precisar renunciar. No dia 31 de janeiro, pedirá exoneração do cargo de Ministro, no dia 1 de fevereiro tomará posse como deputado para mais um mandado e novamente pedirá licença do mandado, sem perdê-lo, e voltará a ser nomeado ministro, ficando com o cargo garantido até 6 meses antes das próximas eleições, quando novamente pedirá exoneração e concorrerá, sem perder o mandado, sem precisar se afastar e provavelmente volte a ser Ministro, caso Bolsonaro seja reeleito.O mesmo deve acontecer em relação do deputado estadual Guto Silva, que é cotado para chefe da Casa Civil do novo governo do Paraná..
É um privilégio inaceitável em relação ao Executivo e Judiciário. O juiz Sérgio Moro teve que abrir mão de uma carreira de 22 anos, concursado para ser ministro, sem nenhum garantia. João Dória, prefeito de São Paulo, teve que renunciar para tentar ser eleito governador. Já vereadores, deputados e senadores, concorrem sem nenhum risco. Vide Álvaro Dias, Odair Fogueteiro, Mário Verri, só para citar casos de não eleitos do Legislativo que continuam nos cargos.
Penso que é um privilégio que precisa acabar. Quer se candidatar a outro cargo? Renuncie ao que ocupa. Quer ser ministro, secretário ou qualquer outro cargo no Executivo? Renuncie, também. Há situações em que isso é exigido. Henrique Meireles, para assumir o Banco Central no primeiro governo Lula, renunciou ao cargo de deputado federal, ou melhor, nem tomou posse. Por que com ministros e secretários é diferente?
Fica a sugestão para uma reforma política. Ou alguém poderia me convencer que estou errado? Aceito comentários críticos e mudarei de opinião, se convencido.
Akino Maringá, colaborador

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