Cenas da nova política

1) Imaginava que o governo Bolsonaro seria ruim, mas nem nos piores pesadelos poderia sonhar que viveríamos esta tragédia. Otimista que sou, tento ver o que há de positivo na eleição de uma pessoa tão tacanha.

A resposta é que Jair Bolsonaro pode ser o remédio amarguíssimo que o brasileiro precisa tomar para largar mão de glorificar políticos, apesar do horror que diz ter a eles, e transformá-los em mitos. Talvez seja bom que o “mito” tenha chegado lá. Se o resultado fosse outro, enfrentaríamos quatro anos ouvindo que as urnas foram fraudadas, que apenas ele seria capaz de nos salvar de todos os problemas que um país na merda como o Brasil enfrentaria até se recuperar. Não quero nem pensar na força que ele teria em 2022. Supermito? – De Mariliz Pereira Jorge, em “Chega de Mitos”. Leia mais.

2) Uma curiosidade brasileira: parlamentares ex-integrantes da polícia e do Exército gostam de manter sua patente profissional na Câmara e no Senado. Deputado Coronel Tadeu, Senador Major Olimpio, Delegado Waldir são muitos no atual Congresso. Os títulos dão votos, no imaginário nacional são autoridades em cargos que inspiram respeito e até um certo temor. Muitos vieram no tsunami de Bolsonaro e formam uma espécie de bancada fardada, só superada pelos 91 membros da bancada abençoada do Pastor Feliciano e do Pastor Eurico, a segunda maior do Congresso. Depois do agronegócio, é claro. Os 160 deputados e 38 senadores de vários partidos — um terço do Congresso, indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro, assédio sexual, estelionato, ou réus por improbidade administrativa ou enriquecimento ilícito — formam a bancada ameaçada, unida contra a Lava-Jato. Nova política? Se isso é a nova, o que seria a velha? Ou é a confirmação do “axioma de Ulysses” (Guimarães): “o próximo Congresso será sempre pior do que o anterior”? -De Nelson Motta, em “Todos contra todos na política”. Leia mais.