As teorias e a gripe espanhola

Por Jorge Villalobos:

A gripe espanhola no Brasil provocou intensos debates tanto políticos quanto médicos, a maior parte deles veiculados pela imprensa.

Entre os relatos dramáticos da época está o de Leal de Souza, (Careta. 1918 Ed. 541 p. 12) que escreveu … “No seu tenebroso horror de trajedia, esta cruel situação deve ter responsáveis. Tem: – os ministros que fizeram economias a custa da inapreciavel saúde pública, os governantes que desmontaram o nosso machinismo administrativo e desorganizaram a vida nacional, a nação que tolera tamanhos patifes”.

Ainda, na procura das causas da doença, se chegou, inclusive, a imputar origem desta a uma “criação bacteriológica”, o bacillomarino, o qual engarrafado teria sido espalhado pelas costas do mundo por submarinos. Porém, uma questão relevante, do ponto de vista da história da saúde pública, está na demissão do dr. Carlos Pinto Seidl, diretor-geral da Saúde Pública, em razão da forte rejeição ao seu entendimento de ser a pandemia, uma “doença benigna” sendo equivalente a uma gripe, que todo mundo conhece e para a qual não havia qualquer medida profilática para ser tomada.

Essa tese, defendida e aplicada por ele, foi rejeitada, amplamente, na sessão de outubro de 1918 da Academia de Medicina. Sendo que a essa tese somou-se o fato que o Governo Federal tomava, lentamente, as medidas necessárias e aplicava recursos tardiamente, muito, provavelmente, ainda encapsulado pela campanha de Oswaldo Cruz e a revolta da vacina. Mas, frente a uma situação dramática e sem controle, em 22 de outubro de 1918 Carlos Pinto Seidl é exonerado e assume o cargo de Diretor Geral de Saúde Pública o Dr. Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, essa é outra história.


(*) Professor em Maringá