Desde Porto Alegre

Na mensagem do governador do Rio Grande do Sul, presidente do Estado Antônio Augusto Borges de Medeiros, lida na 3ª sessão ordinária da 8ª legislatura em 20 de setembro de 1919, encontramos um relatório extenso a respeito dos efeitos decorrentes da influenza ou gripe espanhola.
Ele destaca que para o elevado obituário registrado em 1918, em todo o Estado, a enfermidade que mais concorreu foi a denominada influenza hespanhola, a cujos estragos sucumbiram, aproximadamente. 4.000 pessoas.
Descreve que a invasão da terrível epidemia e sua ação devastadora que se fez sentir, na capital e no interior, com maior intensidade, durante o mês de novembro, entrou primeiro pelo porto do Rio Grande, logo depois pela estação ferroviária de Marcelino Ramos, por cuja ponte de ferro se cruzava o Rio Uruguai e se realizava a ligação ferroviária com Rio de Janeiro e São Paulo.
Afirma, no relatório, que todos os recursos eficazes de que podia lançar mão, todas as providencias e precauções aconselhadas pela ciência e possíveis no momento, foram utilizadas sem vacilações pelo governo.
Porém, a gripe se caracterizou, sobretudo, em Porto Alegre como em toda parte, pela rapidez da propagação.
Presume-se que, pelo menos, metade da população de Porto Alegre foi simultaneamente por ela atacada.
Ainda, afirma que foram enormes os embaraços e dificuldades de toda ordem, criados por uma tal situação, verdadeiramente dolorosa, e para combater a tal doença, administração alguma poderia estar previamente preparada.
Reconhece que desdobrou-se, infatigavelmente, o Governo em medidas eficazes, com a organização da assistência medica domiciliar; abertura de vários hospitais, nos pontos mais convenientes; divisão da cidade em quarteirões para o fornecimento rápido, gratuito e a domicilio, de remédios e alimentos, além dos serviços de desinfeção, sepultamento, etc.
As providencias que foram adoptadas, nessa difícil emergência, se deve por certo a não ter o mal atingido o grau de expansibilidade e de mortalidade que alcançou em outros centros adensados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
O governador comparou a situação com outras capitais e relatou que o obituário geral de Porto Alegre, foi, em média, 6,95 vezes superior ao das épocas normais, ao passo que nas duas capitais citadas o aumento subiu respectivamente a 9,41 e 9,87 vezes.
Observou que o declínio da epidemia também em Porto Alegre foi mais rápido, em proporções diárias mais acentuadas, do que em São Paulo.
Na semana de maior mortalidade em Porto Alegre, o número de óbitos foi de 442, na semana imediata baixou a 255, menos 187 ou 42,31%.
Em São Paulo, na semana seguinte aquela em que a gripe alcançou o máximo desenvolvimento, houveram 1.672 pessoas mortas e o obituário desceu a 1.277, menos 395, ou 23,62%.
No telegrama, de 23 de outubro de 1918, enviado ao Governado do estado pelo ministro do Interior Carlos Maximiliano, este informou que 95% (noventa e cinco por cento) dos casos fatais na Capital da República, ocorrem entre pessoas miseráveis.
Por fim, afirmou que a assistência do governo não se fez esperar chegando a todas as localidades do Estado do Rio Grande do Sul, atingidas pela epidemia, auxiliando, do melhor modo possível, as administrações municipais dos 71 municípios à época.
Esquecendo-se, o governador do Estado, narrar os fatos relacionados com as alternativas terapêuticas utilizadas durante a crise de 1918.
(Foto: Vista do porto do Rio Grande. Mascaras. Ano 1919\Edição 23)
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