As religiões são um ponto de apoio para os fiéis, e em momentos difíceis, como a crise global provocada pela pandemia do coronavírus, a fé é um alicerce para superar as dificuldades e seguir acreditando em dias melhores.
Os diferentes credos também buscam explicações para o que está acontecendo, e respostas baseadas em suas tradições, em livros sagrados ou nos ensinamentos passados de geração em geração. No candomblé, por exemplo, acredita-se que pragas e doenças não estão no âmbito do benéfico ou maléfico, mas que são necessárias para a continuidade da existência. “Dentro de uma perspectiva holística africana, o coronavírus atinge, em sua ação mais grave, os pulmões. Esse é o órgão que traz a força do ar de Oxalá para o corpo e conecta nosso axé, através das trocas gasosas entre o sangue e o ambiente, com o axé do próprio universo”.
Espírita, Fábio Rogério Marcelino, conta que sua a crença fala em desencarne coletivo. Esse termo diz respeito a pessoas que possuem débitos ou então possuem o mesmo débito pendente em outras reencarnações. “Na visão espírita se acredita muito em desencarne coletivo, por exemplo, em uma reencarnação anterior essas pessoas fizeram algum mal em conjunto. Também acreditamos que a Terra está passando por uma mudança, está evoluindo para se tornar um lugar melhor, então, aqueles humanos que não assimilaram ou não estão preparados para essa nova fase não poderão permanecer nesse lugar melhor”, conta.
O budismo olha para cenários como o que estamos vivendo de forma singular se comparado às religiões vistas no ocidente, já que existem alguns conceitos de base que justificam situações assim. Um deles é o fundamento da impermanência. Segundo esse conceito, não há nada constituído na dependência de causas e condições que sejam fixas ou permanentes. Em outras palavras, tudo que vemos no mundo está em constante transição e passa por ciclos que se enquadrariam na noção de início, meio e fim. O que estamos testemunhando poderia ser visto como uma conjunção causal em que observamos os reflexos de diversas variáveis em ação ao mesmo tempo. A relação equivocada do ser humano com os animais, o problema das relações de comunicação quando distorcidas pela defesa de interesses de grupos e tantos aspectos como estes poderiam ser vistos como exemplos.
Deve-se procurar tirar um ensinamento de toda situação, rever valores e pensar no coletivo como o foco de todas as aspirações, desde os mais favorecidos até os mais desamparados.
“Não ficamos indiferentes ao sofrimento, os olhares budistas se voltam para a compaixão em seu sentido mais profundo, através da compreensão de que todos os seres são postos em pé de igualdade perante as raízes do sofrimento, como a situação atual da quarentena tem deixado tão claro. É preciso rever valores e prioridades e retomar a caminhada fazendo escolhas mais inteligentes, condizentes com o tipo de experiências que esperamos ter no futuro, pensando no bem de todos os seres”.
Na visão do padre Silvio Roberto, segundo o livro de Crônicas, capítulo 7,
versículo 13, Deus não querer o mal de nenhum ser, contudo permite que ele aconteça para o amadurecimento e conversão das pessoas. No versículo se fala do mal para que as pessoas se tornem mais simples, mais humildes, tirem uma lição disso e se aproximem de Deus.
Carlos André Medeiros Lamin, que é pastor evangélico, explica que há uma
gama de interpretações e propósitos a respeito de tragédias, pelas quais os
povos são acometidos e que estão registrados na Bíblia.
As tragédias acometem tanto os ricos e poderosos, quanto os pobres e os
miseráveis. Enfim, independe de nível social, econômico e cultural. Elas
servem ainda para mostrar o quanto somos frágeis, limitados, sendo que um ser microscópico, que nem é tão letal, como outros vírus que surgiram na história da civilização, pode provocar o medo, o pânico nas pessoas.
A este texto, baseado em matéria publicada no jornal O Diário da Região de São José do Rio Preto (SP), acrescentamos que na visão da doutrina espírita,
acreditamos que Deus pode ter feito intervenção precisa, para evitar uma terceira grande guerra mundial, por exemplo e apressar a transformação da Terra em um Mundo de Regeneração.
Continuemos com todos os cuidados, mas com fé, de que se não estiver na nossa programação desencarnar (morrer), vítima da covid-19, isso não acontecerá conosco, apesar do aparente descaso do governo Bolsonaro.