A vida física por um triz

Muitas vezes enfrentamos situações que nos revelam que os detalhes são determinantes para um resultado ou outro e dizemos que foi ‘por um triz’, expressão tão antiga em nosso cotidiano. O que significa?

‘Por volta do século V a.C., Dionísio, o Velho, empreendeu a conquista da cidade de Siracusa, na Sícilia, onde veio a ocupar o posto de monarca. Por meio de várias ações, este grande estadista consolidou e ampliou seus poderes por toda a Itália Grega. Tornando-se senhor de muitas terras, acabou cercado por diversos interesseiros que invejavam a sua posição. Entre tantos outros, Dâmocles era figura comum do palácio real e desfrutava várias das regalias e banquetes ali realizados.

Mesmo sendo um amigo do rei, Dâmocles acreditava que o cargo real era cercado por vários privilégios que nem se comparavam aos que ele aproveitava por meio da proximidade com Dionísio. Preocupado em apagar essa errônea impressão, o rei decidiu organizar um grande banquete, onde Dâmocles ocuparia a cadeira real. Entretanto, uma pesada lâmina presa a um fio da crina de um cavalo foi colocada sob a cabeça. Por meio dessa incômoda situação, o imaturo amigo compreendeu que a vida no poder é algo bastante delicado.

É interessante notar que thrichos seja justamente a palavra que em grego, significa cabelo. Além do termo grego ter uma sonoridade próxima à palavra “triz”, temos uma possível explicação para o fato de “por um fio” ser sinônimo da expressão aqui investigada. Desse modo, podemos notar que a história dessa expressão cotidiana reafirma aquilo que dissemos no início do texto: um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença!’.

A este texto de Rainer Sousa, que encontrei no site Brasil Escola, acrescentaria: A vida, ou melhor, a existência no corpo físico está sempre por triz, por um fio.  Na última quinta-feira, quando o corpo do vereador Chico Caiana, que com apenas 56 anos, morrera no dia anterior, estava sendo velado e sepultado. Após o choque de duas mortes por covid-19, de pessoas bastantes conhecidas nossas, o amigo Zé Enio Paralego e o apresentador Rodrigo Rodrigues, fui submetido a um cateterismo que constatou que uma artéria estava com 95% de ‘entupimento’, portanto por um fio, e por um triz, eu poderia ter um infarto que talvez fosse fulminante.

É, a verdade é que a vida física de todos nós está sempre por triz. O consolo, para nós que acreditando que somos uma Alma imortal, é que não morreremos, mas não acredito que o Chico, Zé Ênio, o Rodrigo e tantos e tantos outros não gostariam de continuar por aqui, por mais um tempo, no corpo. A eles e seus próximos, nossas vibrações de paz, e de adaptação à nova situação. Nós, graças à medicina e talvez porque ainda tenhamos missões, vamos continuando, sempre com a certeza que está por um triz  a vida do corpo e que devemos fazer o melhor sempre, seguindo a Lei Maior, resumida por Jesus em dois artigos: Amar a Deus acima de tudo. Amar ao próximo como a si mesmo. E amar é querer o melhor sempre, fazendo duas perguntas: E se fosse comigo? E se todos fizessem?

(Foto: RJ/Prabu)