A família da bufunfa
Por Marcos Strecker, na IstoÉ:
As operações nebulosas de Flávio Bolsonaro no escândalo da rachadinha estão revelando uma prática de mais de duas décadas do clã Bolsonaro: as frequentes transações em dinheiro vivo. Foi assim que o filho 01 do presidente pagou prestações de imóveis e teve diversas contas pessoais quitadas.
O dinheiro vivo também foi utilizado para pagar imóveis das duas primeiras mulheres do presidente. O clã movimentou quase R$ 3 milhões dessa forma nas duas últimas décadas, em valores atualizados. A prática, em si, não é ilegal, é bom ressaltar. Mas, segundo especialistas, o uso de cédulas em grande volume dificulta a rastreabilidade da sua origem e pode servir para ocultar aumentos injustificáveis de patrimônio. Não combina com a imagem de lisura que o presidente tenta projetar desde a campanha eleitoral.
Compra de apê por R$ 638,4 mil em dinheiro vivo. Mas ele não se lembra
A prática remonta aos anos 1990. A primeira mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro, mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, fez pelo menos uma grande operação com dinheiro vivo, em 1996, no ano anterior à sua separação do presidente. Na época, casada com o então deputado federal Jair Bolsonaro, ela comprou em dinheiro um apartamento em Vila Isabel, na zona norte do Rio, por R$ 95 mil (mais de R$ 600 mil em valores atualizados). A segunda mulher, Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, comprou 14 imóveis (apartamentos, casas e terrenos) enquanto esteve casada com o presidente, entre 1997 e 2008. Em cinco deles, o pagamento foi feito em dinheiro vivo, entre 2000 e 2006, num total de R$ 243.300 (quase R$ 700 mil, em valores atualizados). O patrimônio do casal alcançou R$ 3 milhões na época da separação. A maior parte dos imóveis ficou com Ana Cristina, que é atualmente chefe de gabinete de um vereador em Resende (RJ). Seu advogado nega com veemência a prática de qualquer ato ilícito. Leia mais.
(Arte: IstoÉ)