Livro resgata a trajetória do chefe da caravana pioneira
O jornalista e escritor José Antonio Pedriali lança hoje o livro “George, o guardião da história”, coletânea de artigos e reportagens de vários autores sobre a vida de George Craig Smith, líder do grupo de funcionários da Companhia de Terras Norte do Paraná que deu início ao processo de colonização da região.
O grupo chegou a Londrina, então Patrimônio Três Bocas, pertencente ao município de Jataizinho, nesse mesmo dia, há 91 anos. O 21 de agosto é considerado por isso o Dia do Pioneiro. George tinha 20 anos e era o mais jovem membro da expedição, batizada pela história como “caravana pioneira”, formada por agrimensores, empreiteiro para derrubada da mata e construção de ranchos, cozinheiro e peões – e muitas mulas para o transporte da carga. Depois de uma travessia tumultuada do Rio Tibagi, eles acamparam no atual Marco Zero, onde o livro será lançado, sem a presença de público, devido à pandemia da covid-19.
O autor reuniu os documentos ao longo de quatro décadas, a partir do primeiro encontro com Smith, ocorrido em 1981, no Museu Histórico Padre Carlos Weiss, então instalado num porão do Colégio Hugo Simas. Na ocasião, Smith apresentou ao autor as cartas que havia doado ao museu e que registravam o surgimento e evolução de Londrina nos primeiros anos de sua existência. Essas cartas foram transformadas em reportagem e, duas décadas depois, catalogadas e editadas por uma equipe de servidores do museu e professores da UEL.
“George, o guardião da história”, primeiro trabalho dedicado ao pioneiro, aborda a infância de George Smith, parte dela passada numa escola da Inglaterra, país de origem de seu pai, a juventude dedicada à empresa colonizadora, a vida adulta em São Paulo, onde foi representante comercial, num seminário da congregação batista nos Estados Unidos e numa missão religiosa às margens do Rio Araguaia, Tocantins. E seu retorno a Londrina, 40 anos depois de deixar a cidade devido a um conflito de origem sentimental, onde se dedicou a testemunhar e reunir documentos sobre a fase pioneira da cidade e a servir à Primeira Igreja Batista. Smith recebeu a cidadania honorária de Londrina e do Paraná e o título de “sir”, maior honraria da realiza britânica. Nascido em São Paulo em 1909, morreu em Londrina em 1992, onde seu corpo está sepultado.
A transcrição dos documentos sobre Smith, editados de forma didática, permite uma visão da Londrina pioneira e do processo de colonização do Norte do Paraná. Entre os temas abordados, estão as dificuldades por que passaram os primeiros colonos, a precariedade da infraestrutura, a vida social intensa proporcionada pela Casa Sete, residência dos funcionários administrativos da empresa colonizadora, a vinda frustrada dos príncipes da casa de Windsor e o isolamento e escassez de víveres provocados pelos levantes de 1930 e 1932.
Patrocinado pelo Promic (Programa Municipal Incentivo à Cultura) e editado pela Atrito Arte, o livro reúne artigos e reportagens de Alberto João Zortéa, Antônio Mariano Júnior, Domingos Pellegrini, Elias Karam, Erwin Fröhlich, Eugênio Victor Larionoff, George Craig Smith, João Arruda, José Antonio Pedriali, Jorge Cernev, Michely Massa, Raquel de Carvalho e Widson Schwartz. E reportagens não assinadas de várias publicações, entre elas “A Pioneira”, que circulou na década de 1940, e “Folha de Londrina”.