Morre Kenji Ueta
Faleceu Kenji Ueta, 93, um dos pioneiros de Maringá e um dos principais nomes da comunidade nikkey regional. Ele estava hospitalizado há dias, vítima de covid-19; na sexta-feira da semana passada faleceu Yoshiko Nakagawa Ueta, 91, sua esposa, com quem conviveu por 73 anos. Na foto acima, de Tabajara Marques, ele fotografa o desfile do aniversário de Maringá em 2017.
Reportagem de Renan Colombo na Gazeta do Povo, em 2010, contou a trajetória de Kenji Ueta, pai do empresário Shiniti Ueta e de Akemi Ueta, pré-candidata a prefeita de Maringá. A família do fotógrafo chegou ao Brasil em 1933, atraída pelas propagandas positivas sobre o país. “Diziam que em três meses se enchia um saco de dinheiro”, lembra. Após 48 dias de viagem no navio Santos Maru, a família se estabeleceu no interior paulista. Trabalhou na lavoura, com a ideia de juntar dinheiro e voltar para casa. Mas como era preciso dividir metade dos lucros com o patrão, os japoneses acabaram ficando no Brasil.
Ueta seguiu na roça até a mocidade, quando trocou de ofício, atuando em uma fábrica de tecidos e no comércio. O convite para migrar para o Paraná foi feito pelo irmão mais velho, que já havia se estabelecido em Maringá. A comunidade nipônica da cidade estava em crescimento. Como os brasileiros tinham certa dificuldade para pronunciar palavras japonesas, cada oriental que chegava recebia um novo nome. O batismo tupiniquim transformou Kenji em Paulo. Seu Paulo. Definitivamente um fotógrafo de dois povos (leia mais).
Ao comunicar a morte de um dos primeiros fotógrafos de Maringá, e o dono do maior acervo fotográfico da história da cidade, mensagem da família informou que ele “partiu tranquilo e sereno para descanso no plano espiritual junto ao Pai Celestial”.
(Fotos: Ivan Amorin /Gazeta do Povo/Museu Esportivo de Maringá/ Tabajara Marques)/Jorge Villalobos