Os bilhetinhos do Frank

Eu e Frank Silva em Mandaguari. Ele fora participar de uma sessão da Câmara de Vereadores, que lhe propusera uma homenagem. Após a praxe das formalidades, como era de seu feitio, proseou muito. Discorreu sobre cuba-livre, coquetel à base de rum, refrigerante de cola e limão. Falou de suas aventuras nos anos 60. Dos bailinhos românticos. Amigos. Namoradas. Enfim, dos tempos idos.

Frank era assim. Boa prosa. Acessível. Alegre. Deste Frank que prefiro lembrar. Que fica em minha memória. Havia o lado patrão, claro. Num jornal com centenas de funcionários há tensões. Contraditórios. Até mesmos embates, que fazem parte da engrenagem que é um grande meio de comunicação.

Ele tinha o hábito de falar com seus jornalistas por bilhetinhos. Enviava ao editor de plantão, que repassava ao repórter endereçado. Recebi vários. Guardei alguns. Chegava à Redação e lá estavam. Na maioria das vezes, a gente cumpria o que se pedia. Algumas coisas, não. A gente reclamava, e ele acatava.

Frank Silva e Donizete Oliveira

Permaneci sete anos em O Diário do Norte do Paraná. Arrisco dizer que vivi uma das melhores épocas do jornal, entre 2000 e 2007. Era repórter regional. Visitei muitas cidades. Conheci muita gente. Tentei fazer o melhor. Algumas vezes, falhei, mas muitas vezes acertei.

De lá saí. Frank se tornou um amigo. Nunca tivemos contendas. Tanto que o reencontrei algumas vezes após deixar o jornal. A prosa sempre fluía. Sinto sua partida. Mas estará sempre na minha lembrança. Uma boa lembrança!
Nas fotos: Um dos bilhetinhos que Frank enviou a mim e ao repórter Giancarlo Franquini, em 2003, nos tempos de O Diário. O imbróglio era uma coluna social (sim, já fiz coluna social) que a gente fazia na região. Na outra, uma das últimas entrevistas que fiz com ele, em 2018.