Em vídeo, Silvio Barros II fala sobre desistência

Em um vídeo de quase meia hora, gravado para a campanha eleitoral da Coronel Audilene/Marco Meger e disponibilizado em rede social, o ex-prefeito Silvio Barros II disse que abriu mão de ser candidato a prefeito por causa de seus clientes (ele é consultor) e por ter não ter ouvido o chamado de Deus. O ex-prefeito por dois mandatos fez uma crítica velada à legislação, por conta da qual foi processado várias vezes por improbidade administrativa, mas manteve a narrativa política de que “nenhum outro grupo político” fez mais que a família Barros por Maringá.

Pelo menos para Moisés Camargo, Maringá fez mais pelos Barros. Ele lembra que quando Silvio Barros II retornou à cidade não tinha um passarinho para dar alpiste, não tinha sequer um telefone e endereço para apresentar à Justiça Eleitoral. “Depois de 8 anos como prefeito ele passou a morar numa mansão que custa mais de R$ 5 milhões”, registra Camargo, cujo pai foi presidente da Câmara de Maringá por diversas vezes e cujo irmão foi vereador por dois mandatos. “Mas ele agiu certo [ao desistir}, pois lembrou que a mão de Deus pesa mais para aqueles que conhecem a verdade e não a praticam, do que para aqueles que não a conhecem”.

No vídeo, o ex-prefeito do PP admitiu medos, mas não o perder a eleição. Companheiros, porém, garantem que ele não queria correr o risco de uma terceira derrota, a segunda seguida, e ainda em meio a processos. Sobre eles, por sinal, ele confirmou ter sido multado em mais de R$ 50 mil em ação civil pública movida pelo então Promotor Cruz por autopromoção (espalhou cartazes com sua fotografia e um texto em repartições públicas) e informou ter sido absolvido no caso da ciclovia milionária da avenida Mandacaru. A ciclovia não obedeceu ao projeto original; mais de 100 conjuntos de postes e lâmpadas projetados somente foram colocados depois de o escândalo vir à tona. Não contou também que só atendeu trecho da avenida Alziro Zarur depois que o zunzum do superfaturamento havia ganhado a mídia. Também não falou que não cumpriu promessa feita à época: segundo ele, o valor era alto porque incluía esticar a ciclovia da avenida Colombo até a praça 7 de Setembro.

Silvio Barros II, na peça promocional, não comentou sobre a condenação em primeira instância por causa da denúncia de que dentro da prefeitura funcionou uma espécie de imobiliária; a denúncia do MP diz que os pequenos agricultores da Estrada Pinguim foram enganados para vender suas terras onde hoje se encontra o Parque Industrial, aquele cujas ruas foram projetadas sem espaço para estacionamento público. Foi multado e está com os direitos políticos suspensos.

Também não falou que seu nome consta da lista suja do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, junto com quatro ex-superintendentes do Aeroporto Regional Silvio Name Junior; a lista foi entregue ao Tribunal Regional Eleitoral. Casos como o uso indevido de motorista, carro oficial e estrutura do município para levar o filho à escola, e a investigação sobre uso indevido do dinheiro da publicidade para beneficiar alguns veículos de comunicação não foram lembrados.

O ex-prefeito disse que não tem apego ao poder e que estimula o crescimento de novas lideranças, não citando, porém, o nome do empresário Marco Meger (PSB), que ocupa a vice na chapa, cargo que ele, Silvio Barros II, admitia disputar porque o vice-prefeito não assina como ordenador de despesas. Aliás, alguém conhece por aí alguma nova liderança do grupo que não tenha o sobrenome da família?

PS – Um ex-secretário municipal, leitor do blog, pergunta: qual foi a obra mais marcante dos Barros à frente de Maringá? O Novo Centro? Foi Said Ferreira. Os cursos de Medicina e Odontologia (Hospital Universitário? Foi Said Ferreira? Codem? Foi na gestão Jairo Gianoto. Hospital Municipal? Said Ferreira, assim como a pavimentação asfáltica na maior parte da cidade. João Paulino Vieira Filho (que realizou principalmente rede de esgotamento sanitário) e Said Ferreira, cada um cumprindo dois mandatos, deram a verdade infraestrutura de Maringá. Suas memórias não podem ser propositalmente esquecidas.