Vírus inocula a Quarta-feira de Cinzas no Natal

Por Josias de Souza, no UOL:

Há um período do ano em que o Brasil fica repleto de sinos, fogos e pandeiros. Acontece entre o Natal e o Carnaval, com o Réveillon de permeio. Com tanto barulho a lhe invadir a alma, o brasileiro deixa-se levar pelo otimismo. Graças à Covid-19, a coisa mudou nesta transição de 2020 para 2021. Vigora o pessimismo.

Pesquisa Datafolha revela que 72% dos patrícios acham que a inflação vai aumentar. É o maior percentual já registrado na era Bolsonaro. Em dezembro do ano passado, quando não se falava em pandemia no Brasil, o índice era de 52%. Há quatro meses, em agosto, 67% avaliavam que a carestia tomaria o elevador.

A corrosão da expectativa do brasileiro orna com as previsões do mercado. Economistas ouvidos pelo Banco Central estimam que o IPCA, índice oficial de inflação, saltará dos 4,31% anotados em novembro para cerca de 6% até maio de 2021.

Normalmente, o otimismo do brasileiro costuma durar até o Carnaval. Porém, o vírus subverteu o calendário. O BC espera que a inflação seja amansada ao longo do segundo semestre, fechando 2021 em 3,40%, abaixo da meta oficial de 3,75%. Mas essa parte benfazeja das previsões ainda não contagiou a sociedade.