Walfrido voltou

No último dia 25, em pleno dia de Natal, voltou ao Mundo Espiritual Walfrido Lourenço Duque de Souza Filho, cujo corpo físico após 41 dias de internação, perdeu as condições de ser veículo da Alma, vindo a falecer por uma parada cardíaca .

 Descobriu um câncer de intestino no mês de outubro e foi operado no dia 14 de novembro, com sucesso, possivelmente  já tenha sido infectado pelo coronavírus,  pois dois dias após a cirurgia sua esposa foi diagnosticada, assim como filhos  e próximos, com a covid 19.

Era nosso vizinho de apartamento (moro no 10º ele morava no 11º), conselheiro, amigo, um leitor assíduo do Jornal do Povo e dos artigos nossos (citava os meus e do A.A. de Assis como os preferidos). Com seu sotaque carioca típico (o Rigon informa que era natural de Belém), era um bom papo sempre e nos contava as histórias da viagens pelo mundo,  do Rio de Janeiro e  de sua vida do sucesso empresarial às dificuldades que teve no fim da existência.

Trocamos as últimas  mensagens no dia 22 de novembro, quando mandei para o Grupo do Conselho Fiscal do condomínio (sou síndico), orçamentos para análise. Aprovo, foi primeiro a se manifestar, o que me levou a enviar-lhe uma mensagem no privado, falando da alegria de ver que estava bem, recuperado, imaginando que já estivesse em casa (eu estava viajando).

Sua resposta foi a seguinte: ‘aqui estamos nós internados. A Maria do Rocio (sua esposa) pegou uma pneumonia e a covid 19, ou seja toda a família aqui e lá de Sorocaba também.  A razão está que meu filho esteve no funeral da (…) e todos lá pegaram a covid 19. Continuamos aqui, internados, até breve estaremos juntos. Muito obrigado pela atenção dispensada. Fiquem com Deus e se cuidem.‘ Em seguida mandou  um vídeo falando de amigos.

No dia seguinte foi  para a UTI e não mais saiu, a não ser para ter o corpo cremado, vitimado pelas complicações da terrível doença que assola todo o Planeta, e em Maringá não é diferente.

Não houve velório, nem as  homenagens, como fizéramos recentemente, quando outro vizinho de ambos, o Carlos, voltara ao Mundo Espiritual em junho.  Naquela ocasião, convidado a fazer uma prece e dirigir algumas palavras  aos presente, disse eu, que a doutrina espírita nos faz entender que o dia da morte é solene, como são os do nascimento, quando a Alma, que todos somos, toma o corpo que vai lhe servir de veículo de manifestação em mais uma existência terrena.  Que na verdade isso acontece no momento da concepção. Solene , guardadas as proporções da vida material, como os aniversários, casamentos, formaturas, e comemorações diversas, onde reunimos parentes e amigos.

Prossegui destacando uma pergunta que me fizeram, antes. Onde estará o Carlos, neste momento (no seu velório)? Levantamos possibilidades: Estamos diante do corpo que lhe serviu por 85 anos e que perdeu as condições para a manifestação da Alma Carlos. O Carlos não é Carlos, esteve Carlos. Isso serve para todos nós. Somos uma Alma que tem um corpo e não um corpo que tem uma Alma, como muitos equivocadamente entendem ao falar, por exemplo ‘ minha alma’.

Continuei conjecturando ( já que tenho a mediunidade de vidência) que o Carlos poderia estar ali presente, acompanhando seu velório e sepultamento, amparado por benfeitores espirituais, iniciando o processo de recuperação que é natural para prosseguir na vida.

Outra hipótese é que ele estaria num hospital do Mundo Espiritual, no CTI, com aparelhos sem fios, e sem o sofrimento das UTIs dos hospitais da Terra,  assistindo por um telão que transmite tudo o que interessa aos que passam para o lado de lá. Sabe aquela frase: ‘Sorria, você está sendo filmado’? Todos somos filmados o tempo todo, e nossas atitudes, aqui, são registradas lá, excluídas, naturalmente, o que não interessam à vida espiritual.

Fiz este parêntese para falar do velório do nosso amigo em comum, o Carlos, porque sobre ele também escrevi um artigo, que o Walfrido, leitor assíduo do Jornal do Povo ,  recortou e levou para a esposa dele,  para mostrar a homenagem que fizemos.

Perdemos um leitor, poderíamos dizer. Talvez não, pois no Mundo Espiritual o acesso as informações relevantes, da Terra, é garantido, e Walfrido, pode ter permissão para continuar lendo-nos.

O título, aparentemente sem sentido, é uma referência à  volta à verdadeira pátria de todos nós, a pátria espiritual. Lá não há registro do local de nascimento e o paraense de nascimento, carioca de coração, maringaense por adoção, Walfrido, residirá pelo tempo necessário à preparação para voltar a um corpo físico, pela via da reencarnação e prosseguir a caminhada evolutiva.

Paz para você meu amigo. Força, resignação, aceitação da realidade para os seus próximos que ficaram e para você, na nova etapa da vida, cujos os 79 anos que viveu na existência que se findou, nada mais são que  um instante, se  comparados à eternidade.

Boa recuperação, rápida adaptação, sucesso. Você fez, agora,  a volta que todos, absolutamente todos, faremos um dia. Em breve poderemos estar juntos, como disse você na última mensagem e o breve, diante da eternidade, repito, é incalculável, felizmente. Pode ser um dia, um ano, dez, vinte… Mas ao mesmo tempo estaremos sempre juntos in memorium.