Empresário, vereador do Pros recebeu auxílio emergencial

“Nunca dependi de favores ou de jeitinhos”, disse o então candidato

O empresário e vereador Rafael Roza (Pros), 34, recebeu R$ 4,2 mil de auxílio emergencial, entre abril e dezembro do ano passado, apesar de não se enquadrar nas regras estabelecidas pelo governo federal. Além de apresentar-se como empresário bem sucedido, com funcionários, ele declarou à Justiça Eleitoral possuir bens (um sobrado e um terreno em condomínio fechado) e fez campanha em cima de meritocracia.

“Nunca dependi de favores ou de jeitinhos para alcançar meus objetivos”, disse ele num vídeos de campanha, em que aparece saindo de sua casa no Jardim Guaporé, entrando em seu carro e indo para sua empresa (sociedade empresária limitada), que por sinal foi omitida na declaração feita junto à Justiça Eleitoral.

Para o advogado Cássio Furlan, a conduta de receber o auxilio indevidamente pode configurar-se em estelionato, agravado por ser contra entidade de direito público, e falsidade ideológica. O Código Penal prevê, para o crimes de estelionato e falsidade ideológica, pena de reclusão de um a cinco anos, e multa. Já a inserção de dados falsos em sistema de informações tem pena de reclusão de dois a 12 anos e multa.

No total o vereador recebeu R$ 4,2 mil de auxílio benefício

De acordo com o Dataprev, o vereador – dos 15 eleitos, o que recebeu menos votos, 1.335 – teve creditadas cinco parcelas de R$ 600,00 cada e outras quatro parcelas de R$ 300,00. Além de imóveis, declarados no valor total de R$ 242.434,85, Rafael Roza possui a empresa Roza & Camacho na avenida Prefeito Sincler Sambatti 10.823, no Jardim Bertioga, fundada em 2008 e especializada em serviços de manutenção e reparação elétrica de veículos automotores e comércio a varejo de peças e acessórios usados. A microempresa, com 9 funcionários, tem faixa declarada de faturamento de até R$ 240 mil. Ele aparece como sócio de Anésio Roza Filho.

Nos vídeos ele destacava o fato de ser empresário bem sucedido

Os vídeos que ele fez para a campanha eleitoral lembram os de motivação, destacando seu sucesso na área empresarial. Num deles ele diz que trabalha desde os 17 anos,. “Hoje tenho minha própria empresa e pessoas que dependem desse negócio”, contou, com fundo musical que remete à trajetória vitoriosa. Em outro, ressalta os valores de ética, princípios, caráter e de ser cristão e líder em sua igreja. Ele é ligado à Igreja Bola de Neve, que durante a campanha teve suas instalações usadas para reunião de cunho político-eleitoral, o que é proibido pela lei; a Justiça Eleitoral condenou seu candidato a prefeito por causa da reunião. Ele declarou ter gastado R$17.467,82 para se eleger.

Rafael Roza não foi o único vereador eleito em novembro passado que recebeu auxílio emergencial, destinado a famílias de baixa renda que enfrentaram problemas com a pandemia. Também a vereadora Cris Lauer (PSC), conforme revelado a alguns dias da eleição, recebeu a ajuda em dinheiro do governo federal aos que sofreram com a pandemia de covid-19. Ela recebeu R$ 2,4 mil de auxílio do governo federal, que foi bloqueado depois que se descobriu que ela não tinha direito ao benefício. Ela possui uma empresa, e também, não a declarou à Justiça Eleitoral. Os dois foram eleitos apoiando a candidatura do deputado estadual Homero Figueiredo Lima e Marchese, do Pros, sob o mote “Vamos limpar Maringá”. A reportagem tentou falar com o vereador, encaminhou mensagens mas não obteve resposta

Confira dois dos vídeos de campanha do vereador do Pros:

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