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Em livro, fundador da Gol fala de golpista maringaense

Por Eliane Trindade, hoje na Folha de S. Paulo:

Henrique Constantino (foto) acorda sempre às 6h nos últimos quatro anos. Horário em que foi despertado por gritos e socos na porta do seu apartamento em prédio de luxo na Vila Nova Conceição em São Paulo.

“Polícia Federal. Abre a porta ou vamos arrombar”, foi a frase que o puxou para dentro de uma das inúmeras ações policiais da Lava Jato.

Em 1º de julho de 2016, o filho caçula de Nenê Constantino foi alvo da Operação Sépsis, que investiga esquema de propina na Caixa Econômica Federal operado por Lúcio Funaro para beneficiar políticos, entre eles o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ).

“Henrique, onde estão as armas? 
E os documentos?
 Mostra o dinheiro!
 Me dê todos os celulares, rápido”, eram ordens de agentes exaltados e com metralhadoras em punho.

“Fiquem tranquilos, não tenho a menor intenção de atrapalhar o trabalho de vocês. Só não precisam me tratar dessa forma. Não sou um bandido”, respondeu o empresário.

O relato abre o livro “Desejo de Gol” (ed. Citadel, 256 págs., R$ 44,90), lançando neste mês. Em 31 capítulos, o empresário de 49 anos narra a trajetória meteórica, ao lado dos irmãos, para fazer da Gol uma das maiores empresas de aviação do país e os “gols contra” que o afastaram do dia a dia dos negócios.

E também dá a sua versão sobre histórias rocambolescas, como a do falsário [o maringaense Marcelo Nascimento da Rocha, que ficou conhecido como o maior vigarista/golspita/picareta do país] que usou seu nome e enganou famosos em episódios que inspiraram o filme “Vips”, estrelado por Wagner Moura. Henrique Constantino fala também de tragédias, como o acidente do voo 1907, e sobre o jogo pesado empresarial e político (“num papel infelizmente nada edificante”). Leia mais.

FALSO DONO DA GOL – Em 2018, eu e a minha mulher, Vanessa, fomos ao Chile. Quando fui devolver o carro alugado, o funcionário perguntou meu nome. “Henrique Constantino, como en la pelicula?”, quis saber.

O fato aconteceu em 2001 e até hoje comentam. Ele [Marcelo Nascimento, condenado por estelionato] era tão envolvente na conversa que Maria Paula, do “Casseta & Planeta”, minha amiga de escola em Brasília, dizia: “Não é o Henrique”. Ninguém acreditou nela.

É uma das poucas coisas que não podem competir comigo. Não existe ninguém que tem um clone mais famoso do que si mesmo. Conhecem mais o Marcelo do que o Henrique.

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