Fritura de Paulo Guedes evolui para humilhação

Por Josias de Souza, no UOL:


Jair Bolsonaro faz com Paulo Guedes o que fez com Sergio Moro. Depois de engordá-lo com a superstição de que seria superministro, frita-o em sua própria gordura. A exemplo de Moro, Guedes contribui para sua fritura.

Ambos esqueceram de traçar uma fronteira a partir da qual não aceitariam interferências de Bolsonaro. Moro deixou o Ministério da Justiça já bem passado. Guedes foi ficando. E sua fritura passou do ponto. Virou humilhação.

Há duas semanas, ao ser presenteado pelo centrão com a aprovação da autonomia do Banco Central na Câmara, Guedes referiu-se ao projeto como “um sonho”, um “avanço institucional extraordinário”. A blindagem do BC contra interferências políticas ainda nem passou pelo Senado e o sonho do ministro da Economia já virou pesadelo. Jair Bolsonaro interveio na Petrobras. E se equipa para “meter o dedo” no setor elétrico.

Obcecado pela reeleição, Bolsonaro já não se preocupa em maneirar. Na equipe econômica, chamam-no de “Dilmo”. Com a pandemia a pino e sem vacinas, retirou o populismo do armário. O presidente move-se como se desejasse colocar uma coleira nos preços dos combustíveis e da conta de luz. O país já viu essa novela. O Tesouro Nacional e o consumidor morrem no final.

(Foto: Marcos Corrêa/PR)