O Ronaldinho de Bolsonaro

Trecho da reportagem de Fábio Leite na Crusoé desta semana:

Quando os aportes milionários da Telemar na empresa de jogos e entretenimento de seu primogênito ganharam o noticiário, em 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva debochou daqueles que questionavam o interesse da gigante de telefonia na sociedade com Fábio Luís, o Lulinha. “Que culpa eu tenho se meu filho é o Ronaldinho dos negócios?“, disse na ocasião, referindo-se ao jogador de futebol. Talvez a retórica antipetista iniba Jair Bolsonaro de repetir agora o mesmo argumento, mas a compra de uma mansão por quase 6 milhões de reais pelo senador Flávio Bolsonaro, revelada nesta semana pelo Antagonista, fez ressurgirem as suspeitas sobre o enriquecimento do filho 01 do atual presidente. Assim como Lulinha, Flávio é acusado de usar seus próprios negócios – no caso, transações imobiliárias – para lavar dinheiro proveniente de malfeitos. Uma tese que se for comprovada mostrará que a sua evolução patrimonial é fruto também de um outro tipo de “fenômeno“, típico de quem cresce sob a sombra do poder.

A mansão no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, é o ápice de uma escalada nebulosa de Flávio no setor imobiliário. Com mais de mil metros quadrados de área construída, quatro suítes amplas – uma delas com hidromassagem –, academia, brinquedoteca, piscina e spa com aquecimento solar, o imóvel de luxo foi a 21ª transação feita pelo senador desde que ele assumiu seu primeiro mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro, em 2003, quando declarava ao fisco possuir apenas um Gol 1.0 no valor de 25,5 mil reais. São várias as suspeitas que pairam sobre a nova aquisição do filho 01 de Bolsonaro, feita logo depois de ele ser denunciado pelo Ministério Público fluminense pelo desvio de 6,1 milhões de reais da Assembleia Legislativa do Rio, no suposto esquema de apropriação de parte do salário de assessores de seu antigo gabinete, muitos deles fantasmas – a gerência do rachid era tarefa do notório Fabrício Queiroz. Segundo a denúncia dos promotores, o dinheiro arrecadado foi lavado na loja de chocolates da qual Flávio foi sócio por cinco anos e na compra e venda de apartamentos e salas comerciais no Rio. Ele nega. Leia mais.