Grupo de empresários de Maringá que queria distribuir ivermectina para tratamento precoce é dissolvido

Empresários articulavam distribuir o vermífugo e a cloroquina

Um grupo formado por empresários maringaenses, inclusive do setor médico, tentou articular a distribuição de medicamentos do chamado tratamento precoce para o novo coronavírus, cuja eficácia até não foi provada cientificamente, mas cujo uso vem sendo defendido principalmente por bolsonaristas. A turma, que queria escolher um hospital para a distribuição de ivermectina e cloroquina à população, foi desarticulada depois que sua existência foi tornada pública pelo site O Diário de Maringá.

Da turma faziam parte até donos de plano de saúde, hospital, fábrica de acolchoados, dois engenheiros civis (um deles vereador), entre outros, que participaram de reunião virtual, de cerca de 50 pessoas. Alguns fizeram questão de se explicar, antes do grupo acabar. Há quem defenda a continuidade da iniciativa.

Os líderes defendiam que houvesse um lugar na cidade para distribuir ivermectina para a população. O vermífugo é utilizado para matar piolhos e foi apontado por não cientistas como eficaz no tratamento contra a doença, apesar de todos os estudos científicos em contrário. O presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde foram os principais divulgadores do uso.

Há um mês a própria Merck, farmacêutica americana que produz ivermectina, pronunciou-se oficialmente e disse que o medicamento não funciona contra a covid-19. Esta semana descobriu-se que o BNDES fez empréstimos de R$ 283 milhões a fabricantes de cloroquina, depois que o presidente da República passou a ser uma espécie de garoto-propaganda do medicamento, originalmente produzido para tratamento de lupus.

Citada na reportagem, a Usina Santa Terezinha esclareceu que não é empresa de saúde e não defende tratamento algum sobre a covid, “que não seja seguir estritamente as indicações das autoridades de saúde do país, do estado e do município”. A empresa acrescentou que jamais distribuiu ivermectina “ou algo assim” aos funcionários. Um diretor da empresa fez parte do grupo. Também Wilson Tomio Yabikyu, presidente do conselho gestor do Masterplan, divulgou nota em que diz ter participado, junto com um primo, a convite de três amigos, mas não deram testemunho nem pediram a palavra.

O presidente da Sociedade Médica de Maringá, Lucas Savoia, repudiou completamente a ação e, com vínculo de afinidade com um dos participantes, negou qualquer participação muito menos concordância da entidade.

Depoimento de Marcelo Lima de Oliveira, adventista, e trabalha nos hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein e Instituto Butantã.

Depoimento de Rosangela Licci, esposa do empresário Ademir Licce, em que ela fala dos efeitos colaterais da ivermectina: