Omissão e insensibilidade (II)

O agravamento da crise sanitária, com reflexos diretos e danosos à economia, exigiu de todos os governantes, ao redor do mundo, medidas econômicas drásticas e imediatas de socorro às populações mais vulneráveis e ao setor empresarial, visando evitar o desemprego em massa e o aprofundamento da miséria. O governo Bolsonaro não agiu assim.

O ministro da Economia Paulo Guedes, sempre estridente, contando com mais de 60 anos, recolheu-se em sua residência no Rio, e as medidas econômicas para enfrentar a crise econômica que se avizinhava foram proteladas. Após muita pressão popular e da mídia, o governo federal encaminhou ao Congresso uma tímida proposta de auxílio emergencial de R$ 200,00, que o Congresso aumentou para R$ 500,00. Bolsonaro, por oportunismo, e para não ficar a reboque de tão importante e popular medida, ampliou o auxílio para R$ 600,00. Outras e também indispensáveis medidas de socorro a pequenos e médios empresários foram tomadas, mas tardia e absolutamente insuficientes.

A crise econômica agravou-se quase tanto quanto a tragédia sanitária. Atividades empresariais foram paralisadas (algumas em definitivo) e o desemprego e a miséria ampliaram-se desmesuradamente. Bolsonaro quer, agora, transferir ao STF e aos Estados e Municípios a responsabilidade por sua omissão e incapacidade para o enfrentamento de ambas as crises – sanitária e econômica.

A história saberá distinguir o estadista do aventureiro de ocasião. Mas a esperança é que a consciência crítica se imponha aos brasileiros para que se antecipem à história já no pleito eleitoral de 2022. Bolsonaro, com a conivência de seus ministros, é o responsável pelo agravamento da crise sanitária e da crise econômica. Banaliza as mortes e faz pouco caso do sofrimento daqueles que perderam seus entes queridos. Responsáveis e coniventes também são os políticos que, mesmo depois de 250 mil mortes e do agravamento abissal do desemprego e da miséria, prosseguem apoiando um governo inoperante, demagogo e sem qualquer escrúpulo em negar a gravidade da tragédia que assombra as pessoas de bem, aos que são dotados de Razão e Sensibilidade.

(Foto: Marcos Corrêa/PR)