É ‘uma vergonha’ que existam médicos que defendam tratamento precoce para a covid-19, diz cientista

Lucas Ferrante, que previu o colapso em Manaus: ‘Parem de replicar besteiras’

Na semana passada, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Lucas Ferrante, que previu o colapso em Manaus (AM), apresentou uma nota técnica sobre alertando sobre a situação de Curitiba, em videoconferência realizada na semana passada com vereadores de Curitiba. Ele foi um dos autores de nota científica que sugeriu lockdown de três semanas na capital paranaense.

Ao responder questionamentos dos vereadores sobre tratamento precoce (veja baixo), ele disse que é consenso entre os pesquisadores de coronavírus que não existe tratamento precoce. Afirmou ainda que, de acordo com estudos publicados em periódicos científicos, esses medicamentos aumentam em três dias o tempo de internação e a necessidade de mais leitos. Ele também criticou os médicos que têm receitado medicamentos.

Segundo ele, apesar do consenso de que medicamentos (como cloroquina e ivermectina) não funcionam e podem agravar o quadro do paciente, foi criada uma “maquina de fake news” para divulgar uma eficiencia que não existe. “A água tem tanta eficácia quanto esses medicamento. Uma parte vai melhorar, e não será pelo medicamento”, disse ele. Para Lucas Ferrante, médico que recomenda tratamento precoce não lê artigo científico e deveria ser questionado pelo Conselho Federal de Medicina. “É uma vergonha que tenhamos médicos que defendem este tipo de medicamento”, recomendando que estes devem parar de replicar besteiras.

Ele lembrou que, além da falta de dados científicos, o que o desastre de Manaus, um dos maior4es colapsos do planeta, é prova de que não existe tratamento miraculoso para a covid, “só prevenção: máscara, álcool em geral e isolamento social”. Em Maringá, uma entrevista com um médico da GTFoods tem sido usado para defender o uso da ivermectina, mesmo depois de o próprio fabricante informar que o vermífugo é ineficaz contra covid-19.