Obrigar trabalhador ao kit-covid pode dar autuação
A negação da ciência e das recomendações das autoridades sanitárias, como a Organização Mundial da Saúde, atinge patamares cada vez mais perigosos. Uma reportagem da BBC News Brasil denuncia que várias empresas vêm oferecendo o suposto tratamento precoce contra a covid-19 aos seus funcionários.
O kit covid, como é chamado, é composto por medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina, defendidos aberta e veementemente pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) como forma de evitar a doença, mas cientistas, médicos e autoridades de saúde reforçam que não há nenhuma comprovação científica de que tenham eficácia. Ao contrário, podem causar ainda mais danos à saúde. Médicos dizem que vários pacientes infectados que estão chegando aos hospitais em estado grave usaram alguns dos medicamentos do kit. Alguns já estão, inclusive, na fila de transplante de fígado em São Paulo.
Para a Secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida Silva, “é lamentável que em uma situação de crise grave como a que vivemos, com pessoas com medo de contrair o vírus, empresas se aproveitem para tomar esse tipo de atitude”, ou seja, forcem trabalhadores a aderirem a tratamentos que não evitarão a infecção, pelo contrário, ainda podem deixar sequelas graves.
De acordo com a dirigente, a CUT já está orientando seus sindicatos a acolherem denúncias de trabalhadores que se sintam lesados com tais ações, bem como a intensificarem a fiscalização para que essas empresas sejam denunciadas ao Ministério Público do Trabalho (leia mais).
PS – Ao ver a notícia, leitor lembrou que o Ministério do Trabalho no Paraná, Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União preferiram atacar os jogos de futebol – mas não falaram nada sobre missas e cultos.