Por Ricardo Rangel, na Veja:
O Brasil hoje tem uma única prioridade: o combate à covid. O presidente Jair Bolsonaro tem uma única prioridade: impedir o combate à covid.
A atitude do presidente não deveria espantar ninguém, afinal, Bolsonaro — que já quis pôr bombas em quartéis, quer dar licença para matar à polícia, defende a tortura, homenageia assassinos etc. — passou a vida a cultuar a morte. O que espanta é que haja tanta gente de outra forma sensata e inteligente disposta a ajudá-lo.
Há quem preste esse auxílio de maneira escancarada, como Kassio Marques, Augusto Aras ou André Mendonça. Há quem o preste de maneira hesitante, como Marcelo Queiroga, que luta pela vacina mas aceita “ordem” contra lockdown. Ou o faça de maneira envergonhada, como Tereza Cristina ou o general Heleno, que simplesmente desapareceram.
Mas não há como tapar o sol com a peneira: é impossível, por definição, estar no governo de Jair Bolsonaro sem ser seu auxiliar na macabra tarefa de maximizar o número de mortes. Pessoas que antes tinham boa reputação, como Paulo Guedes, se misturam com outras, que sempre foram “criaturas do pântano” (expressão criada pelo próprio ministro da Economia), no mesmo balaio onde estão aqueles que auxiliam o presidente em sua “missão”.
Seis mil militares — incluindo nada menos do que cinco oficiais generais (sem contar os dois que acabaram de sair), com destaque para os generais-de-exército Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos — se refestelam no governo e fornecem o apoio institucional que os generais da ativa parecem ter se cansado de dar. Leia mais.
(Foto: Marcos Corrêa/PR)