O maior deficiente visual

O ditado popular já consagrou a máxima de que “pior cego é o que não quer ver”. Este provérbio deixa certo de que mesmo não sendo literalmente cega, a pessoa ao resistir à ideia de ver, se torna cega para aquilo que rejeita perceber. Age assim como uma autodefesa, pois sabe que o ver trará implicações para sua vida pessoal, as quais não está disposta a encarar. Cegos que a si mesmo se cegaram são encontrados aos montões, e às vezes estão tão perto de nós que acabam se confundindo conosco mesmos. Mas se pior cego é o que não quer ver o outro, não é menos certo que pior cego é aquele que se nega a ver a si mesmo. Ao anjo da igreja de Laodiceia, que se via com olhos de não querer ver, razão pela qual via-se totalmente diferente do que apontava sua realidade, o Senhor da igreja, que era também o Senhor do anjo da igreja, sugere: “adquira de mim colírio para untar seus olhos para que vejas” (Ap. 3.18). A menos que se utilizasse do colírio que realmente cura, que faz ver, o cego espiritual continuaria dizendo-se bem vestido, embora estivesse nu, julgando-se rico, mesmo sendo pobre, presumindo-se quente, em essência era morno. Em suma, julgava-se vivo, mas estava morto. Espiritualmente morto. Assim são todas as pessoas, homens e mulheres, que resistem utilizar-se do colírio celestial. Com efeito, para a pessoa ver o outro, basta um bom colírio que se encontra em qualquer farmácia próxima de nossas casas. Mas para a pessoa ver-se a si mesma, é preciso mais, é preciso de colírio de qualidade superior que procede dos céus, o qual o Senhor oferece aos que desejam a cura das curas. Se pior cego é o que não quer ver o outro, cego muito pior é aquele que não quer ver-se a si mesmo.
O texto acima é do meu amigo Lutero Pereira e tinha como título original o cego maior, e mudei, propositalmente, para ficar, digamos, politicamente correto, em tempos em que expressões como afrodescente, por exemplo substitui a cor negra, por exemplo.
Falando em politicamente, não consigo entender como muitos bolsonaristas e lulistas não conseguem enxergar defeitos em seus líderes. Muitos, como diz o texto do Lutero e ditado popular, são o que se pode chamar de os piores cegos, pois não querem ver o que a outros parece claro. Falando por mim, que já cheguei a nutrir alguma simpatia por ambos( Bolsonaro e Lula), hoje nem com uma lupa muito potente consigo ver qualidades para serem bons presidentes.
Procuro com uma luneta e ainda não encontrei um nome alternativo, mas há de existir. Olha para todos os lados, tento comparar qualidades com Ciro Gomes, Mandetta, Amoedo, Sérgio Moro, Dória, que são alguns nomes cogitados, mas ainda não consigo enxergar todas as qualidades e condições de enfrentarem Lula e Bolsonaro, mas os defeitos dos dois saltam à minha vista.
Talvez leitores bolsonaristas e lulistas estejam olhando para o título e dizendo que o maior deficiente visual político sou eu. Mas digo que sou daqueles que procuram usar os colírios da informação para poder longe e perto. E entre Lula e Bolsonaro, se não tiver outra opção e vejo o menos pior. E, é, é, … é… não vou dizer, mas dou uma dica, vou escolher aquele em que os filhos atrapalhem menos e sobre os quais não pairam muitas dúvidas.
(Foto: Maksim Goncharenok)
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