Nise Yamaguchi teve reuniões secretas no MS

A oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, nascida em Maringá, vai depor hoje na CPI da Pandemia, do Senado, no que deve ser o principal depoimento da semana que tem feriado. Defensora do chamado tratamento precoce, sem eficácia científica, ela foi apontada como uma das pessoas que queriam alterar a bula da cloroquina, para que fosse indicada também para a covid-19. Esse grupo teria formado um Ministério Paralelo da Saúde.

Uma reportagem de Paulo Motoryn, publicada ontem no The Intercept Brasil, revelou que Nise era conselheira paralela de Jair Bolsonaro e que estava tão à vontade que escalou até os irmãos para encontros com a área responsável pela indicação de medicamentos ao  SUS. “Nenhuma das visitas consta nas agendas oficiais de Pazuello e de Franco, nem foi divulgada publicamente. Mas elas indicam a influência direta da entusiasta da cloroquina sobre o alto escalão da pasta. As reuniões secretas são mais um indício da existência do que a CPI da Covid chama de “ministério paralelo”: um grupo de negacionistas que influenciou a tomada de decisões de Bolsonaro na pandemia, contrariando evidências e políticas de saúde.

Os registros das ida da médica ao ministério estão em documento que recebi via Lei de Acesso à Informação, no qual constam os registros de todos os visitantes da sede do ministério em Brasília em 2020. De acordo com a lista, Nise Yamaguchi esteve no prédio em pelo menos quatro datas em junho, julho e dezembro de 2020. Em duas delas, a médica passou pela recepção mais de uma vez, nos períodos da manhã e da tarde – o que indica que teve reuniões que ocuparam todo o dia”, diz o texto.