CPI mira sócia de empresa beneficiada por Barros

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, e o deputado federal Ricardo Barros

A CPI da Pandemia, informa Renan Truffi no jornal Valor Econômico, entrou numa nova fase e vai “seguir o dinheiro” empenhado pelo governo federal na pandemia. O objetivo é apurar se a gestão Jair Bolsonaro atuou para favorecer empresas farmacêuticas ou intermediários próximos à família do presidente. A investigação mira, principalmente, na compra da vacina indiana Covaxin e no “Iobby” que favoreceu produtores de cloroquina. Uma das finalidades é saber se integrantes do Executivo cometeram crimes como advocacia administrativa, tráfico de influência ou até desvio de recursos públicos.

Segundo a reportagem, os primeiros passos já foram dados com a aprovação de uma série de quebras de sigilo telefônico e telemático. Uma delas atingiu Francisco Maximiano, executivo da Precisa Medicamentos, empresa que atua como representante do laboratório indiano no Brasil. O que chamou atenção dos senadores foi a “mudança de comportamento” do governo em relação a Covaxin. A Covaxin era a única vacina que contava com um “intermediário” na negociação, a Precisa Medicamentos. Todos os outros imunizantes faziam negociação direta.

A Precisa é sócia da Global Gestão em Saúde S/A, que tem uma dívida de R$ 19,9 milhões com o Ministério da Saúde. Em 2017, a Global venceu uma licitação federal para fornecer medicamentos para doenças raras, mas nunca entregou os remédios. Por isso, a empresa é alvo de ação por parte do MPF, que também acionou o então titular da Saúde, Ricardo Barros (PP), hoje líder do governo na Câmara. Mesmo assim, o governo Bolsonaro fechou contrato com a Precisa Medicamentos, em 22 de fevereiro deste ano, para o fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin a um custo total de R$ 1,6 bilhão. O acordo foi feito quatro meses antes de a Anvisa aprovar, com restrições, o pedido de importação do imunizante indiano, o que só aconteceu há poucos dias. A Covaxin teve o custo unitário mais alto entre todas as vacinas contratadas: R$ 80,70 cada.

(Foto: Ailton de Freitas)