CPI investiga compra da vacina mais cara pelo governo

De Natália Portinari e Julia Lindner, em O Globo:

Em uma nova frente de investigação, a CPI da Covid planeja apurar os detalhes envolvendo a compra, pelo governo federal, da vacina indiana Covaxin — o imunizante mais caro adquirido pelo país, a R$ 80,70 por dose, quatro vezes o valor unitário da AstraZeneca. A comissão pretende investigar como a representante da fabricante no Brasil, a empresa Precisa, alvo de inquéritos do Ministério Público, lucrou com a transação avaliada em R$ 1,6 bilhão para fornecer 20 milhões de imunizantes.

Um dos principais focos da comissão nas próximas semanas será entender por que o Ministério da Saúde não contratou diretamente o laboratório Bharat Biotech, seguindo o padrão das demais negociações com outros fabricantes internacionais. Senadores querem entender por que o governo Bolsonaro optou por fechar negócio com uma empresa intermediária, a Precisa, cujo prazo de entrega e o preço por imunizante eram maiores que os ofertados pelo Instituto Butantan e pela Pfizer.

A Global Gestão em Saúde S/A, empresa sócia da Precisa Medicamentos, deve R$ 19,9 milhões ao governo devido a irregularidades em um contrato para fornecimento de medicamentos firmado com o Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Ricardo Barros (PP), hoje líder do governo na Câmara. A empresa venceu a licitação com o menor preço, mas, segundo o MPF-DF, ela não seria a distribuidora dos medicamentos nem teria a autorização de funcionamento da Anvisa, necessária para comercializar e distribuir remédios.

A empresa, então, teria tentado comprar o material no mercado internacional, porém não apresentou à Anvisa a declaração do detentor do registro do fármaco autorizando a importação. O MPF afirma que “a licitação estava fadada ao fracasso desde o início” e entrou com uma ação de improbidade contra o ex-ministro. Procurado, Ricardo Barros nega qualquer irregularidade na contratação. Leia mais.