Servidor aponta pressão atípica por contrato de vacina

Em depoimento mantido em sigilo pelo Ministério Público Federal, um servidor da área técnica do Ministério da Saúde afirmou ter sofrido pressão de forma atípica para tentar garantir a importação da vacina indiana Covaxin, cujo contrato com a empresa Precisa Medicamentos tinha prazos para fornecimento de doses já estourados naquele momento. A informação é de Julia Chaib, Renato Machado e Vinicius Sassine, na Folha de S. Paulo deste sábado.

O servidor citou o nome de quem, segundo ele, seria um dos responsáveis pela pressão atípica dentro do ministério: o tenente-coronel Alex Lial Marinho, que era homem de confiança do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (foto), general da ativa do Exército. Marinho foi coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde. Era subordinado ao coronel Élcio Franco, então secretário-executivo do ministério, braço direito de Pazuello. Ele foi exonerado no último dia 8 pelo atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Em nota enviada à Folha, o Ministério da Saúde informou que respeita a autonomia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não faz pressão para aprovação de vacinas. A Procuradoria da República no DF identificou um descumprimento do contrato assinado entre a Precisa e a Saúde, com quebra de cláusulas sobre o prazo de entrega do imunizante. O MPF investiga a suspeita de favorecimento à Precisa e aponta a existência de cláusulas benevolentes. Leia mais.