Caso Covaxin pode virar rachadona de Bolsonaro

De Josias de Souza, no UOL:

A suspeita de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin abriu uma fenda no casco do governo Bolsonaro. A julgar pelas primeiras reações do Planalto, o caso tem potencial para virar uma espécie de rachadona do capitão. O presidente tem dificuldades para lidar com adversários inusuais.

A denúncia não partiu de um inimigo “comunista” ou de um “vagabundo” da CPI. A encrenca ganhou as manchetes graças a um servidor concursado do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Fernandes Miranda, e o irmão dele, o deputado bolsonarista Luis Miranda (DEM-DF), um ex-youtuber processado sob a acusação de aplicar golpes financeiros em investidores incautos. A dupla queria ajudar Bolsonaro.(…)

A conjuntura ganhou novos contornos. Verificou-se que a Pfizer e o Butantan enviaram dezenas de memorandos e e-mails, marcaram hora, amargaram chás de cadeira e deram com a cara na porta várias vezes antes de assinar contratos com a Saúde. A Covaxin, ao contrário, pegou o atalho, percorreu o tapete vermelho, subiu pelo elevador privativo e encontrou as portas escancaradas. (..)

As vacinas não chegaram. Mas o governo emitiu há três meses a nota de empenho que reserva R$ 1,6 bilhão para pagar pela vacina mais cara da praça, ainda sem liberação da Anvisa. Ou Bolsonaro exibe algo mais além de destempero ou a água logo recobrirá os instrumentos de sua orquestra.

O capitão talvez não sofra impeachment quando soar o “glub, glub, glub…” Mas o preço da blindagem do centrão já está pela hora da morte. Leia mais.