O senador Jorginho Mello (PL-SC) apresentou um requerimento na CPI da Pandemia convidando o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP), a prestar depoimento. A justificativa apresentada por Jorginho é ouvi-lo sobre “como ocorreu o processo de votação da MP [medida provísória] 1026”. A MP, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, tinha por objetivo facilitar a compra de vacinas. O deputado apresentou uma emenda que ajudava diretamente na importação da Covaxin.
A Covaxin foi desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, que no Brasil é representado pela Precisa, que por sua vez é sócia de outra empresa, a Global, sobre a qual há suspeitas de irregularidades num contrato de R$ 19,9 milhões fechado na época em que Barros era ministro da Saúde (entre 2016 e 2018). Por esse motivo, há uma ação de improbidade administrativa contra Barros na Justiça Federal, segundo O Globo. Jorginho Mello é senador governista.
Enquanto isso, na CPI da Pandemia o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que Jair Bolsonaro classificou o caso Covaxin como “gravíssimo”. O presidente, nas palavras do deputado, teria associado o caso a uma ação de um deputado federal. “Ele nos recebeu em um sábado. Eu aleguei que era uma urgência, urgentíssima devido à gravidade das informações trazidas pelo meu irmão a minha pessoa. O presidente entendeu a gravidade, olhou nos meus olhos, e disse: ‘Isso é grave: Eu não me recordo o nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim: Isso é coisa de fulano: Ai, ele falou: ‘Vou acionar o DG [delegado geral] da Polícia Federal”, disse o parlamentar, informa O Antagonista. O servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda disse em depoimento ao Ministério Público Federal que foi pressionado por integrantes da pasta a assinar uma invoice – nota fiscal para pagamento —no valor de US$ 45 milhões pela antecipação de 300 mil doses da vacina Covaxin. Uma das suspeitas é de que haveria conexão entre o caso e o apoio do chamado centrão ao governo federal.