Não dá mais para disfarçar o cheiro de podre
De Ascânio Seleme, em O Globo:
Se ainda havia alguma dúvida, ela desapareceu ontem. O autoritário, intolerante, reacionário, equivocado e hipócrita governo Bolsonaro terá de explicar agora o cheiro de podridão que exala do Palácio do Planalto. O presidente sabia que havia um esquema de desvio de verbas montado no Ministério da Saúde. A denúncia feita à CPI da Covid talvez seja a mais grave, pelo menos dentre os episódios que já se conhece, porque envolve vidas humanas. Segundo o deputado Luis Farias, Bolsonaro sabia que o deputado Ricardo Barros, seu líder no Congresso, estava envolvido na falcatrua da importação da vacina Covaxin.
O presidente está diretamente envolvido, no mínimo por prevaricação. Segundo a acusação do deputado Luis Miranda e de seu irmão Luis Ricardo, funcionário do Ministério da Saúde, os dois foram a Bolsonaro em 20 de março, um sábado, relatar que autoridades do ministério faziam pressão para o servidor aprovar uma importação de vacina com irregularidades evidentes. O presidente disse que tomaria providência, e citou o nome de Barros. Ele não tomou providências e só agora apareceu com a desculpa esfarrapada de que apresentou o caso ao ministro Pazuello (querem deixar a bomba no seu colo, general, abre o olho) e que este voltou depois dizendo que não havia nada. (…)
Segundo o recibo apresentado pelos Miranda, deveriam ser transferidos US$ 45 milhões dos cofres públicos (R$ 225 milhões, ou duas Mega-Senas de Natal), para a conta de uma empresa em Cingapura, que não constava do contrato. Fora isso, o preço da vacina poderia estar superfaturado. Leia mais.
(Foto: Anderson Riedel/PR)