Covaxin: Luís Miranda relata que, em reunião com Barros e lobista, recebeu oferta de propina

Casa onde aconteceram as reuniões. No detalhe, o detector de metais

De Patrik Camporez, na Crusoé, em publicação feita ontem à noite:

No final de março deste ano, a bilionária venda da vacina indiana Covaxin para o governo brasileiro havia, ao menos teoricamente, subido no telhado. Luis Miranda (foto), o deputado que na semana passada ganhou os holofotes ao denunciar a existência de um possível esquema de corrupção por trás do negócio, tinha acabado de ir até o presidente Jair Bolsonaro relatar as suspeitas em torno do contrato.

Funcionário de carreira do Ministério da Saúde e lotado justamente no setor encarregado de cuidar das importações de medicamentos, o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, estava sob pressão para deixar o processo de compra da Covaxin correr mesmo diante de vários indícios de irregularidades. Bolsonaro, como contou o deputado à CPI da Covid, prometeu acionar a Polícia Federal para apurar as suspeitas, mas não há sinal de que qualquer investigação tenha sido aberta. O presidente teria dito ainda, durante o tête-à-tête com Luis Miranda, que o rolo da vacina era coisa de Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados. As suspeitas levantadas pelo parlamentar deram à CPI uma linha de investigação que pode resultar em problemas concretos para Bolsonaro.

Ao deixar de adotar providências diante da denúncia que recebera, o presidente pode ter incorrido no crime de prevaricação. Além disso, o caso derruba o discurso de que não há corrupção no atual governo, uma cantilena que o próprio Jair Bolsonaro entoa com frequência. Mas não é só. Há outros lances gravíssimos na trama, como o que Crusoé revela agora: depois da conversa com o presidente, Luis Miranda foi chamado para duas reuniões em que recebeu uma oferta de propina milionária para parar de atrapalhar o negócio. Leia mais.