Giulia, a menina da foto, tem dez anos de idade. Depois que leu o livro “A história da mulher que ficou grávida por onze anos”, disse para sua mãe que queria ter uma irmã igual a do desenho, porque ela parecia muito fofa. Cecília, de cinco anos, disse que tinha nascido de barriga redonda, mas que achava muito legal nascer de barriga-coração. 

Recentemente publicado, o livro que foi escrito por Zery Monteiro e Cirlei Ganeo e ilustrado por Marcos Verdeiro, tem despertado emoções em quem o lê, pela delicadeza com que aborda a adoção de uma menina negra, com onze anos de idade, por uma mulher solteira e branca. 

Outro fato que tem sensibilizado os que lêem, é saber que o livro foi baseado numa história real, da própria autora, que, solteira, adotou uma menina negra, mesmo morando num país conservador e racista. 

Cirlei sempre desejou ser mãe. Vários anos atrás, ela sonhou que era mãe de um casal de filhos. Ela conta que o sonho pareceu tão real que acordou assustada. Anos depois, foi a um abrigo para visitar e deixar uma ficha de inscrição para adoção. Então, ali, na recepção, passou um grupo de pré-adolescentes, do abrigo, que iam para a escola. Naquele momento ela reconheceu prontamente, no rosto de uma das pré-adolescentes, o mesmo rosto da filha que tinha sonhado. Tinha encontrado sua filha. Milagrosamente os papéis para a adoção ocorreram de uma forma rápida e pouco tempo depois, pode levar sua filha para casa. 

Zery e Cirlei, amigas de décadas, bibliotecárias, contadoras de história, decidiram então que aquela história precisava ser compartilhada e a melhor forma seria transformar a história em livro. Durante um encontro entre amigos, na casa da Cirlei, o desejo do livro se tornou uma possibilidade real. 

O amigo e escritor Danilo Furlan sugeriu  fazer um projeto, para publicação do livro,  e inscrevê-lo no concurso Prêmio Aniceto Matti. O projeto foi um dos contemplados e a primeira edição foi produzida com verba de Incentivo à Cultura Lei Municipal de Maringá nº 10988/2019, e por isso, o livro só pode ser doado. 

Já foram mais de mil doações do livro para: centros culturais, projeto LER, abrigo, brinquedoteca, associações de apoio aos  indígenas, aos cegos e aos surdos e também para  pessoas de diferentes idades. Cada Biblioteca Pública Municipal de Maringá, também recebeu uma quantidade de livros e estão doando para os usuários, desde que os receberam. Além disso, os exemplares de livros e audiolivros, que foram doados para os acervos das bibliotecas, já se encontram disponíveis para empréstimos. 

O fechamento desse projeto, ficou ainda mais encantador, quando ouvimos da própria Luana, a filha adotada pela Cirlei, seu depoimento sobre o que sentiu ao ler o livro: 

“Embora quisesse a publicação do livro, eu ainda tinha certo receio de que as pessoas soubessem que eu era adotada. Acho que no fundo, tinha medo de ser rejeitada, de não ser aceita. Quando o livro chegou, fiquei muito emocionada. Era a minha história. Após a leitura do livro, me senti mais aberta e comecei a falar pros meus amigos, que ainda não sabiam, que eu era adotada e fiquei muito feliz com o acolhimento e mensagens de carinho. Esse livro me despertou pra olhar de outra forma pra minha história. Eu tinha um bloqueio de dizer que era adotada, hoje consigo falar e gostaria de compartilhar isso com outras pessoas que também nasceram de barriga-coração.” 

Para tornar o livro acessível, as autoras disponibilizaram o livro em PDF  além de uma versão dirigida para a comunidade cega e outra para a comunidade surda.  

1) Versão do livro em PDF – https://1drv.ms/b/s!AmIs_Dv70O6nzRhfw0WDFxnTYF1Q?e=NTQtpy 

2) Audiolivro numa única faixa, para a comunidade cega: https://onedrive.live.com/?authkey=%21ADkFHDd8ACS4Ad8&cid=A7EED0FB3BFC2C62&id=A7EED0FB3BFC2C62%219889&parId=A7EED0FB3BFC2C62%219874&o=OneUp 

3) Vídeo da história, com legendas e traduzido em Libras, para a comunidade surda: https://onedrive.live.com/?authkey=%21AHnkOVlzxOLIFZM&cid=A7EED0FB3BFC2C62&id=A7EED0FB3BFC2C62%219896&parId=A7EED0FB3BFC2C62%219894&o=OneUp