É só o dinheiro que te motiva?

“Eu ganho um bom dinheiro e por isso trabalho motivado ou eu trabalho motivado porque ganho um bom dinheiro. O que vem antes?”.


É até comum em momentos que antecede uma palestra, às vezes empresas com milhares de funcionários, alguém se aproximar e perguntar qual é o tema da palestra.

Eu falo que é uma palestra motivacional e o “alguém” ri e desdenha dizendo que se a empresa quer realmente ver a equipe motivada tem que aumentar o seu salário.

Fico pensando com meus botões. Se esse “alguém” ganha um salário próximo do mínimo, digamos, R$ 1.000,00 e está muito desmotivado, eu pergunto: Se a empresa lhe desse um aumento de 100%, ou seja, mais R$ 1.000,00, o seu salário passaria a ser de R$ 2.000,00 por mês, certo? Você acha que realmente isso por si só deixaria ele motivado?

Por quanto tempo duraria essa motivação? Será que a sua “atitude” mudaria depois desse aumento? Como seria seu comportamento diante do trabalho e dos colegas? Será que ele passaria a se interessar mais pela empresa, pelos objetivos dela e iria se comprometer mais com os resultados? Será que ele chegaria dez minutos mais cedo ou ficaria dez minutos depois do expediente para ajudar em algo, sem reclamar?

O que você acha disso? O que vem antes: a motivação ou o aumento de salário? O que realmente motiva uma pessoa no trabalho?

Uma resposta simples, que nunca quer calar é por que você faz o que você faz. E aí está a resposta para o mundo daqueles que fazem a diferença, pois são os insatisfeitos que movem a humanidade, que movem o mundo.

É óbvio que a maioria das pessoas gostaria de ganhar mais, de ser promovida primeiro para depois fazer. Mas não percebem, justamente o contrário, que precisam fazer primeiro para ser promovida depois.

Aqui está o dilema: ter para ser ou ser para ter. Ouve-se muito isso, a teoria do “Se”.  Se eu tivesse aquele carro ou aquela casa eu seria mais feliz. Se eu ganhasse na loteria tudo mudaria na minha vida. Se eu ganhasse mais eu iria arrebentar a boca do balão no trabalho.

Aí você ganha e nada muda. Sim, porque primeiro vem a motivação, a mudança, o crescimento interior, a resiliência, isto é, a vontade de sempre aprender. Primeiro vem um trabalho bem feito, com amor e brilho nos olhos. Primeiro vem a dedicação, a vivência, a experiência. Primeiro vem você definir o seu sonho, o seu projeto de vida e então lançar-se na sua construção. Primeiro vem o seu empenho, sua garra, seu esforço. Primeiro você precisa dar para receber, plantar para colher. Primeiro vem “não cuspir no prato que come”. Infelizmente, a maioria quer colher sem plantar e isso simplesmente não existe.

Creio que até as nossas leis contribuem para isso. Não que eu seja contra as leis trabalhistas, numa visão geral, mas que tem muita coisa que deveriam ser repensado nelas. Sim, porque elas eliminam a visão de empreender, de fazer algo mais e engessa quem contrata e por consequência, com gela oportunidades de quem realmente quer produzir, dos dois lados, do capital e do trabalho.

A construção de sua carreira é como subir uma escada. Cada degrau é um aprendizado, é uma experiência. Muita gente quer chegar no último degrau sem ter passado pelos primeiros.

Meu amigo e cliente Ilson Mateus, que saiu na Forbes recentemente como o 9° bilionário do país, que começou pequeno, no interior do Maranhão, para quem já fiz mais de 50 palestras, desde quando era pequeno, sempre fala que o sucesso é subir pela escada porque quem sobre pelo elevador chega mais rápido mas não sabe o que vai fazer lá e sem a vontade e o conhecimento necessário, simplesmente despenca, cai morro abaixo.

Muitos acham que são bons e merecedores, mas na prática essa não é uma realidade e não fazem por merecer. Não colaboram com a empresa e a usam no seu tempo profissional para casos e coisas pessoais e com isso saem do foco e até atendem mal os clientes. Não se doam ao trabalho, são, como eu falo, tarefeiros, só fazem o que é mandado e o que é solicitado, sem nenhum tipo de iniciativa.

Gente assim diz que não é pago para fazer isso ou aquilo, mas na hora de ver quem é promovido, quem chega ao topo, reclamam que não tem chances. Ora, as chances existem. Tem gente vencendo nas piores cidades dos piores países do mundo e tem gente fracassando nas melhores cidades dos melhores países do mundo. Eu sempre pergunto: Qual é a sua escolha?

E, para encerrar, são os que mais reclamam da empresa, do chefe, do salário e muito provavelmente esta é a conversa em casa. Se você quer aumentar o seu salário, entenda que primeiro tem que mudar “suas atitudes” e, ainda assim, mesmo que o seu dinheiro aumente, será que isso mudará de verdade suas atitudes?

Então, ondeestão as oportunidades? Resposta curta: No mesmo lugar onde estão as reclamações e desculpas.

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!


(*) Gilclér Regina é palestrante de sucesso, escritor com vários livros, CDs e DVDs que já venderam milhões de cópias e exemplares no Brasil, América, Ásia e Europa

(Foto: Andrea Piacquadio)