O romance de Tadeu França
Lançado pela Editora L. Oren (SP) em 1973, o romance “Luzes negras do submundo” de José Tadeu Bento França foi citado por Antonio Paulo Benatti em “O Centro e as Margens: Prostituição e vida boemia em Londrina, 1930-1970”, lançado em 1997, fruto de dissertação para mestrado em História na Universidade Federal do Paraná. A L. Oren era a mesma editora dos famosos livros de Adelaide Carraro, a cujas obras a capa remete.
No livro, ainda encontrado à venda pela internet, Tadeu França narra a morte voluntária de Maria das Dores, aliciada em um orfanato e explorada em uma casa de prostituição, história baseada no que acontecia em estabelecimentos do gênero na Vila Matos. Nascido em Santa Fé, Tadeu fez o curso de Letras em Londrina e veio para Maringá, onde foi professor de Teoria Literária na UEM, e aqui se elegeu vereador, deputado estadual e deputado federal constituinte.
A citação: “Mas a euforia do café redimia todas as barbáries – contra a natureza e contra os homens – e sufocava todas as melancolias. A fronteira demográfica finalmente coincidia com a fronteira económica. A retaguarda da civilização incorporara totalmente sua vanguarda. Já plenamente integrada aos mercados capitalistas (interno e externo), a dinamização da economia regional acelerava o processo de mudanças no pequeno grande universo dos pioneiros. Nas palavras do romancista Tadeu França, “Era a orgia do café que contagiava a todos porque era sinal de que o dinheiro haveria de correr em abundância até regar completamente aquela terra roxa, fazendo com que dela brotassem escolas e igrejas, arranha-céus e mansões, casas de jogos e cabarés”.
Na contracapa do livro de Tadeu França, que muitos desconhecem, conta-se que ele “representa o grito jovem por afirmação, meta pela qual lutou desesperadamente em toda a sua existência de menor abandonado pelo pai e jogado à mercê das penúrias na lutapela vida. E tudo isso, em meio à efervescência assombrosa da caótica metrópole paranaense do café, a rica Londrina dos brancos, dos amarelos e dos pretos…”.