Você sabe com quem está falando?
Uma das coisas mais estúpidas que a gente ouve, pela arrogância de alguns é esta frase que dá tema ao artigo de hoje. Sabe com quem você está falando?
Se fosse um americano falando, ele responderia: “Quem você pensa que é?” e aí …se estabeleceria um diálogo impossível.
Quem diz essa frase é a pessoa que mostra o título, o crachá, o dinheiro que tem, o carro que dirige, a escolaridade, a condição social… uma total falta de propósito.
Aliás, o que temos de líderes de crachá neste país não é mole. Pessoas que foram contratadas pelo QI “quem indica”, ou são sucessores que não construíram, ou estão numa política de interesses que não sabemos.
A inspiração desse artigo vem da leitura do livro que leva o mesmo nome do artigo, do autor Roberto Da Matta, um estudo que fala do autoritarismo brasileiro. Esse é o país da democracia, governado por eleitos, que se tornam o poder, que controlam milhares de cargos privilegiados e interferem nas demandas da lei.
O antropólogo Roberto DaMatta, talvez o principal acadêmico a esmiuçar o espírito do “você sabe com quem está falando?”, esse hábito está relacionado a uma questão de papéis sociais e seus limites. Como ele pergunta: Afinal, na prática, as regras valem igualmente para todos?
E isso é apenas um retrato do por que alguns ainda agem assim, colocando a soberba acima da razão.
É difícil estabelecer com precisão as origens do “você sabe com quem está falando?” no país, mas casos recentes mostram que a atitude de invocar a posição social para impedir uma interpelação ou um questionamento é um traço vivíssimo na sociedade brasileira. E isso tem ultrapassado fronteiras do poder.
O professor Mario Cortella trata muito bem disso quando se refere ao nosso planeta Terra, como ele diz: Na verdade, o sucesso vem da ideia de mostrar as pessoas, o que representa o ser humano. Sim, ele representa um em quase oito bilhões de pessoas”.
Esse sou eu, esse é você. Somos uma única espécie entre outras três milhões de espécies classificadas, e todas as criaturas da criação de Deus.
Vivemos num planetinha que gira em torno de uma estrelinha que é o Sol e este é uma estrela entre outras 100 bilhões de estrelas, por isto chamamos de estrelinha, e estes 100 bilhões de estrelas compõe a Via Láctea que é a Galáxia entre outras 200 bilhões de Galáxias num dos universos possíveis e que vai desaparecer.
Quem sou então? Quem somos? Acho que somos o vice treco, do vice troço do sub qualquer coisa do nada. Nessa hora, diante de nossa pequenez, sob a ótica humana, vemos um sujeito que “empina o nariz” e se esquece de muitas coisas, inclusive de que á a criatura feita pelo Criador.
Nestes momentos, quando vejo a arrogância matando a humildade, fico pensando: “Será que esse sujeito não vai ao banheiro, igual eu?”.
Ou tomamos o remédio ou damos risada da bula. A escolha faz a diferença. Mas, cá entre nós, como ser humano, penso ser tão simples, escolher ser simples, mais humano, mais chão. E o que torna até engraçado, senão triste, é que neste mesmo remédio, a diferença está na dose, ou é remédio ou acaba sendo veneno.
Um pensamento oriental sinaliza para “prestar atenção”, quando termina a partida de xadrez. Eles dizem e nós sabemos que sim, o peão e o rei vão para a mesma caixinha. Quando o jogo termina, independente do resultado, os dois são guardados no mesmo lugar. Aqui não é tipo, “um vai para uma casa popular e outro para o palácio”.
De nada adianta essa arrogância que alguns teimam em imaginar que “só porque eu sou assim”, tipo, tenho mais dinheiro, mais status ou poder, sou MAIS que o outro, sou diferente, sou quase um extra terrestre, professor do céu.
Nada disso. Pessoas arrogantes não suportam que outras pessoas possam fazer sombra a elas. Na verdade são pessoas inseguras.
E deixo no ar uma pergunta: Por que tantas pessoas se “acham” superiores no universo da sociedade, dos negócios ou mesmo no mundo corporativo? Pensam que conhecimento é superioridade. Ou pensam que dinheiro é superioridade. Ou pensam que são seus contatos de poder, de relacionamentos ou de networking e isso é sua superioridade.
Se esquecem que somos todos pó e ao pó voltaremos. Se esquecem que somos todos seres humanos com possibilidades de crescimento e mais, com diferentes visões, formas de ser e pensar e com habilidades diferentes. Se esquecem que por mais que possamos ter pessoas que facilitem a abertura de portas para nós, somente haverá o crescimento através do nosso caminho, porque, depois dos primeiros 10 minutos, não há beleza, nem indicação, nem dinheiro que demonstre algo diferente daquilo que você é.
Eu penso que o preconceito vive navegando em dois mares: O mar da tolice e o mar da covardia. O preconceito tem tanto medo de sentir-se diminuído que ele decide diminuir o outro por causa de sua condição social ou da religião que pratica ou da empresa que trabalha, ou por causa de seu dinheiro, seu status na sociedade e isso é pequeno demais.
Você quer crescer? Quer ter sucesso? Então prepare-se. Sim, estude, faça e sobretudo, pense. A vida dá mais retorno para aqueles que conseguem compreende-la e vive-la de forma plena, pensada, racional, emocional, e, obviamente, aproveita a vida também com seus sentimentos.
É neste paradoxo de sim e não, razão e paixão, visão e verdade que reside o verdadeiro caminho a ser vivido.
Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!
(*) Gilclér Regina é palestrante de sucesso, escritor com vários livros, CDs e DVDs que já venderam milhões de cópias e exemplares no Brasil, América, Ásia e Europa
(Foto: Reprodução/Jornal Grande Bahia)