Na briga entre o mar e o rochedo, sobrou para o marisco. O presidente da Câmara de Maringá, Mário Hossokawa (PP), assinou hoje portaria exonerando a advogada Letícia Carniel Perdigão Maia, que havia sido nomeada chefe de gabinete da vereadora Cristianne Costa Lauer três dias antes. A demissão acontece um dia depois de Hossokawa se pronunciar na tribuna repudiando suposta declaração de Letícia Maia, baseado num vídeo postado pela vereadora em redes sociais. Ela teria dito, segundo a vereadora, que os servidores da Câmara de Maringá deveriam fazer estágio na Câmara de Londrina, onde ocupou cargos comissionados.

A nomeação de assessor de vereador é feita por indicação do legislador e chancelada, por força da lei, pelo presidente do Legislativo. Não se tem conhecimento de fato semelhante, recente, na Câmara de Maringá. Nem mesmo quando o então vereador Homero Figueiredo Lima e Marchese nomeou um assessor condenado por improbidade administrativa, infringindo a legislação municipal da ficha limpa, a presidência da casa não tomou essa atitude. A exoneração pode abrir caminho para uma briga judicial. O Ministério Público investiga se a vereadora e seu ex-chefe de gabinete, o advogado Bruno Gimenes Di Lascio, cometeram improbidade administrativa. Agora, abre-se em tese um precedente para incluir futuramente o presidente na investigação do MP, pois foi ele quem nomeou o chefe de gabinete de Cristianne.

PS – Vereadores acreditam que por ser cargo comissionado ad nutum (ato pode ser revogado pela vontade de uma só das partes), uma ação contra o ato do presidente não prosperaria, mesmo sem que tenha ocorrido procedimento administrativo.