Biomm anuncia acordo com CanSino Biologics

Acordo anterior, com a Belcher, de Maringá, foi rompido em julho

A biofarmacêutica brasileira Biomm, pioneira em medicamentos biotecnológicos no país, anunciou hoje ao mercado, por meio de fato relevante, que celebrou acordo com a CanSino Biologics INC para fornecer a vacina Convidecia no Brasil. A iniciativa visa ampliar a disponibilidade de imunizantes contra a covid-19 no país. A companhia submeterá rapidamente o pedido de uso emergencial da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Uma vez atendidas todas as exigências regulatórias, a Biomm tem condições de iniciar o processo de importação. O acordo anunciado hoje prevê a possibilidade de a Biomm vir a produzir a Convidecia em sua planta biofarmacêutica em Nova Lima (MG), que recebeu investimentos de US$ 90 milhões, e está em processo de validação. O acordo prevê, também, o propósito de comercialização e produção de todo o portfólio de vacinas da CanSino Biologics INC. Uma vez que a validação esteja concluída, estará apta para inspeção e aprovação pela Anvisa.

Para que o acordo fosse fechado, a Biomm precisou comprovar para a CanSino Biologics INC que reúne capacidade técnica para a produção de vacinas, além de todas as demonstrações relacionadas a aspectos regulatórios e de governança corporativa. “Estamos orgulhosos de poder contribuir com uma nova opção de vacina para o Plano Nacional de Imunização”, diz Heraldo Marchezini, CEO da Biomm. “Estamos trazendo para o país uma vacina que reúne diversas qualidades para o uso em um país como o Brasil.”

A farmacêutica Belcher, de Maringá, havia assinado contrato de representação com a CanSino e em junho o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, assinou uma carta de intenção de compra de 60 milhões de doses imunizante chinês. A dose custaria US$ 17. A Belcher foi investigada na Operação Falso Negativo, no Distrito Federal, e pela CPI da Pandemia, o que levou o laboratório chinês a romper o contrato. As ligações do deputado federal Ricardo Barros (PP) com um dos sócios da empresa também foram objeto da CPI.

A VACINA CONVIDECIA – A vacina do CanSino Biologics INC foi desenvolvida a partir do chamado “adenovírus tipo 5”, um dos vírus mais brandos do sistema respiratório que causa sintomas semelhantes aos do resfriado comum e é o vetor viral mais utilizado em estudos clínicos em todo o mundo. É um vetor de adenovírus humano tipo 5 geneticamente modificado que carrega as informações necessárias para sintetizar as proteínas novo coronavírus e, dessa forma, estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos contra covid-19.

Ao contrário das vacinas que usam o vírus inativado, essa tecnologia tende a ter uma resposta imunológica maior. Segundo a CanSino Biologics INC, o imunizante tem eficácia geral de 68,83% na prevenção de todos os casos após 14 dias da aplicação. Para casos graves de covid-19, a eficácia da vacina é de 95,47% no mesmo período.

Com aplicação em dose única e armazenamento em geladeira comum (entre 2 e 8 graus Celsius), a vacina desenvolvida pela CanSino Biologics INC vem sendo adotada por diversos mercados. Os estudos clínicos foram conduzidos no Paquistão, Rússia, Chile, Argentina e México. Atualmente, o Convidecia foi reconhecido e recebeu aprovações em vários países, incluindo México, Paquistão, Hungria, Chile, Equador, Argentina, Malásia, Indonésia e Quirguistão.

O preço da vacina será compatível com outras opções já existentes no mercado brasileiro. A dose única também representa vantagens para os programas de imunização, devido ao custo de aplicação por pessoa e imunização completa de uma vez – ao contrário da maioria das vacinas covid-19 atualmente disponíveis, que requerem duas doses.

DOSE DE REFORÇO – A vacina também tem potencial para ser usada como dose de reforço ou na intercambialidade (mix) de vacinas para elevar a imunidade contra o novo coronavírus, de acordo com o imunologista Jorge Kalil, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O imunizante é recomendado para ser administrado em pessoas a partir dos 18 anos de idade.

“Com essa iniciativa, ampliamos nosso portfólio em biotecnologia no Brasil, por meio de medicamentos inovadores e com eficácia e segurança comprovadas cientificamente”, diz Heraldo Marchezini. (C/ Assessoria)

(Foto: Divulgação)