Ex-CCs de Ricardo Barros vão dividir bolada de R$ 120 milhões

Ex-vereadores e ex-secretários acionaram o município por causa da trimestralidade negada em 1992

O bolso do maringaense que se prepare. A trimestralidade negada em 1991 aos 3.798 servidores de carreira pelo ex-prefeito Ricardo Barros (PP), hoje investigado pela CPI da Pandemia, vai custar muito mais ao erário. A primeira leva (dívida renegociada para R$ 70 milhões) demorou 26 anos para começar a ser paga, o que aconteceu na gestão Ulisses Maia, parcelada em sete anos. A segunda leva vai beneficiar ex-cargos comissionados – e custará ao contribuinte maringaense cerca de R$ 120 milhões, quase o dobro do acordado com os servidores efetivos.

A dinheirama será dividida entre 98 pessoas, que ocupavam cargos de confiança na administração de Ricardo Barros. Entre os beneficiados estão ex-vereadores e ex-secretários municipais, como Jacira Martins, Alcides Tavares, Lourival Fialho de Carvalho, José Crisógno Carvalho, José Edmir Falkemback, Antonio Mário Manicardi e até o ex-vice-prefeito Akito Willy Taguchi, hoje presidente municipal do PTB. Entre eles estão alguns que já faleceram. O prejuízo causado por Ricardo Barros 29 anos depois de ter deixado a Prefeitura de Maringá pela janela, só com o não pagamento do gatilho salarial, beira os R$ 200 milhões.

O precatório original, de 2016, era no valor total de R$ 79.715.506,01, mas as administrações do PP (Silvio Barros II e Carlos Roberto Pupin) recorreram com o objetivo de postergar. O resultado foi o salto no valor, devido aos juros. Confira aqui a relação dos beneficiários.

Num país decente, um ex-prefeito que causasse deliberadamente um prejuízo de R$ 200 milhões iria para a cadeia; num país indecente, seu destino poderia até ser pior. Neste caso, porém, o ex-prefeito virou líder na Câmara dos Deputados de um presidente que elegeu-se com um discurso contra a corrupção e hoje está cercada dela.