Eu preso por alguns instantes

Texto e fotos

Era um dia de revoada de formigas. A mesma com vários nomes. Saúva, tanajura, cortadeira. Em certas épocas, elas fazem uma espécie de dança nupcial. Os pássaros agradecem. Uma refeição e tanto.

Eu estava na casa de um amigo, no Residencial Casarin, em Apucarana. Já ia embora e parei numa parte nova daquele bairro, onde há vários terrenos sem casas. Havia muita formiga. Um pássaro vermelho e preto banqueteava. Imaginei tratar-se de um tié-sangue.

Um rapaz se achegou com um celular. Disse ser observador de pássaros e me corrigiu. Era um casal de polícia-inglesa. Dependendo da região, no Sul do Brasil, também conhecido por coração-de-boi e furacão-do-arroz. No Nordeste, o chamam de papa-arroz e peito-de-aço; no Rio de Janeiro, por razões óbvias, de flamenguinho.

Me diverti com eles, e eles com as formigas. Soltavam um piado agudo e mergulhavam no capim. Farto jantar. Entretidos com os insetos, permitiram que eu me aproximasse. A noite caía lentamente; eu clicando as polícias-inglesas. O nome é por causa da cor.

A mesma do traje dos soldados que fazem a guarda da rainha. No Palácio de Buckingham. De uniformes impecáveis, vermelhos, e chapelões pretos. Me senti preso ali. Tomado pelos encantos da nossa polícia-inglesa.