O deputado Ricardo Barros (PP) mantém o estilo de enfrentamento, agora um pouco mais calmo que no dia do depoimento à CPI da Pandemia, e agora diz que vai processar o senador Renan Calheiros por abuso de autoridade e denunciação caluniosa. Barros, que teve seu sigilo praticamente intocado depois de recorrer várias vezes ao Judiciário (aquele que ele disse que um dia as pessoas não mais respeitariam), deve ser indiciado por advocacia administrativa e improbidade administrativa no relatório final da CPI.

A trajetória política do ex-prefeito de Maringá, que deixou o cargo pela janela, sempre foi marcada tendo o enfrentamento como arma de ganho político – o ‘bateu, ganhou’. Sem contar na área paroquiana (municipal e estadual), foi assim com FHC: votou contra a reeleição e tornou-se vice-líder do reeleito. Com Lula e Dilma não foi diferente, assim como com o presidente Bolsonaro, que já o chamou de chantagista. Barros, apontado como capitão do time, representa hoje para Bolsonaro o que Zé Dirceu representou para Lula, como lembrou a Istoé.

Entre FHC e Lula, RB era oposicionista empedernido. Em 18 de abril de 2004, por exemplo, no Jornal do Brasil, Márcia Peltier relatou: “A votação de R$ 1,55 trilhão para obras públicas, que serão realizadas até 2007, foi o destaque da aprovação, quarta-feira, do Plano Plurianual 2004-2007 na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso. O ponto mais polêmico ficou por conta da emenda do deputado Ricardo Barros(PP-PR), que transferia das Forças Armadas para a própria Presidência da República os gastos com o novo avião do presidente Lula”.

Já em 8 de outubro de 2005 Barros declarou que os petistas tinham dificuldades em defender o governo porque os ministros não cumpriam o acordado. “Isso não acontecia na época do Fernando Henrique. Hoje em dia a palavra do líder do governo, Arlindo Chinaglia, não vale nada”, disse ele, que continuou criticando o governo do PT até o final de maio de 2007, quando Lula o indicou seu vice-líder.

(Foto: Alessandro Dantas)