BC deve explicação sobre influência de banqueiro, diz Verri
Em requerimento apresentado à Comissão de Finanças e Tributação, o deputado federal Enio Verri (PT) quer que o colegiado convide o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para prestar esclarecimentos sobre as declarações do banqueiro André Esteves. Em áudios gravados do banqueiro, o dono do BTG mostra influência sobre decisões do governo brasileiro e outros representantes da base governista no Congresso Nacional.
“Após a divulgação dos tais áudios, ficou no mínimo estranho o tipo de aconselhamento ou poder que Esteves tem sobre membros do governo. Queremos que ele venha até a CFT, que é uma Comissão mais técnica, e explique afinal qual era o tipo de influência que o banqueiro tem, por qual motivo e que tipo de vantagem ele teria com decisões que devem focar no interesse público e não privado”, explicou Enio Verri.
No documento, o parlamentar destaca que os áudios revelados pelo site Brasil 247, apontam em recente conferência com investidores, o banqueiro André Esteves confidenciou que o presidente do Banco Central, em determinado momento, teria ligado para ele para saber qual deveria ser o piso (lower bound) da taxa de juros no Brasil.
Além disso, o dono do BTG Pactual demonstra seu poder e influência, comentando, inclusive, que teria “educado políticos e ministros do STF” para que a independência do Banco Central fosse aprovada.
“Para além das fanfarrices e análises políticas e sociais que demonstram total desconexão com a realidade vivenciada pela esmagadora maioria da população brasileira, o que o áudio revela, ao fim e ao cabo, é a existência de uma relação espúria entre público e privado”, descreve o deputado paranaense na justificativa de seu requerimento. E reforça que temas como taxas de juros e outros devem ser analisados à luz dos interesses maiores da sociedade brasileira, e decididos a partir dos interesses privados de grupos econômicos e financeiros.
O requerimento precisa ser aprovado na CFT para que Campos Neto vá à Comissão explicar essas relações e interferências indevidas em questões sensíveis do Estado.
ANDRÉ ESTEVES E BANCO CENTRAL – Além de dono do BTG Pactual, Esteves é também dono da Editora Abril, embora assuma ser dono apenas da revista econômica. Em um dos momentos do áudio, ele diz que o Brasil está barato e que a moeda brasileira está excessivamente desvalorizada.
Ainda fala que, mesmo com eventual vitória do ex-presidente Lula, teremos “dois anos de Roberto Campos Neto”, presidente do Banco Central. Sobre as eleições presidenciais de 2022, ele afirma que Jair Bolsonaro é favorito desde que fique calado. Lula, na sua visão, terá chances caso se movimente em direção ao centro e se aproxime de um nome como Henrique Meirelles, mas revela sua preferência pelo PSDB. (Assessoria)
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)