Bolsonaro, o covarde

De Guilherme Boulos, no UOL:

Lembro-me ainda hoje de quando assisti pela primeira vez à fatídica entrevista do general Newton Cruz, em que ele mandou o jornalista Honório Dantas “calar a boca” e depois partiu para a agressão física, apertando o seu pescoço. Um ato público de covardia, que retratava a ditadura militar. Parecia documento de um passado que, felizmente, não voltaríamos a vivenciar.

Neste domingo (12), no sul da Bahia, a cena foi repetida quase 40 anos depois: a repórter Camila Marinho levou um mata-leão de um segurança presidencial ao tentar se aproximar de Bolsonaro para fazer uma pergunta. Não foi a única. Outros jornalistas foram agredidos pela equipe palaciana e, depois, por bolsonaristas presentes.

Bolsonaro, covarde como poucos, especializou-se em agredir jornalistas, sobretudo mulheres. Quem não se recorda de suas grotescas insinuações sexistas contra a brilhante Patrícia Campos Melo, que revelou o esquema dos disparos de WhatsApp? Ou quando mandou calar a boca —como Newton Cruz— a jornalista Laurene Santos em Guaratinguetá? Driele Veiga, Daniela Lima e tantas outras foram vítimas da misoginia presidencial. (…)

2022 será prova de fogo para a democracia brasileira. Bolsonaro tentará fazer das eleições uma guerra campal contra a esquerda, os movimentos sociais e a imprensa. Viveremos, sem dúvidas, cenas tristes de violência política em intensidade ainda maior. Newton Cruz parecerá um homem de bons modos. Definitivamente, amigos, não será uma escolha difícil. Na íntegra, aqui.

(Foto: Isac Nóbrega/PR)